11-07-2016 – 13:18:43
O fundo Verde, do gestor Luis Stuhlberger, aproveitou a alta recente no mercado de juros reais do país para elevar a posição de sua carteira no segmento. Os gestores do veículo destacam que o juro real brasileiro, em meio ao colapso generalizado das taxas globais após o Brexit, segue em níveis “absolutamente excepcionais”. Eles avaliam que os juros reais a 6,30% para cinco anos são incompatíveis com uma economia com baixo crescimento potencial, e aproveitaram a alta recente para voltar a aumentar a posição.
Os gestores do Verde notam que, após um momento de pânico logo após o resultado do Brexit, o maior movimento global observado foi de quedas expressivas no mercado de juros nos países desenvolvidos. A busca por segurança, destacam os especialistas, tem criado situações como a da Suíça, onde a curva de juros é negativa “até onde a vista alcança: títulos de cinquenta anos negociam hoje a taxa de juros negativas!”.
Os responsáveis pelas estratégias do Verde dizem ainda que o ambiente global explica, em boa parte, a parcial euforia do mercado brasileiro nos últimos dias. “Se em terra de cego quem tem um olho é rei, o que dizer de um país cujas taxas de juro permanecem na casa dos dois dígitos, enquanto o mundo se estapeia por alguns magros pontos-base aqui e ali?”, questiona o relatório do fundo referente a junho.
Além dos fatores externos, outro ponto que contribuiu para o aumento do apetite ao risco no Brasil, afirmam os especialistas, foi a mudança na equipe econômica, e no Banco Central principalmente, que adotou uma postura, ainda que temporária, de não intervenção no mercado. Os gestores do Verde lembram que a postura de menor intervenção lembra a que foi adotada em 2003 e 2004, quando os juros reais, também altos, e a valorização do câmbio foram utilizados como ferramentas para derrubar a inflação corrente e as expectativas, para abrir espaço para um corte da Selic à frente. “Acreditamos que boa parte dos fatores que permitiram o sucesso lá atrás não está presente agora (em uma palavra: China) e consideramos um perigo que o Real volte para um nível exagerado de sobrevalorização”. Diante dessa perspectiva, o fundo zerou sua posição vendida em dólar contra o Real.