02-06-2016 – 12:50:33
As privatizações e concessões do setor público, inclusive de empresas estratégicas como a Petrobras, deveriam ser a principal fonte de levantamento de recursos para reverter a situação de crise fiscal do governo federal. A opinião é do economista-chefe da Azimut Brasil Wealth Management, Paulo Gomes, que defendeu a privatização da Petrobras em modelo semelhante ao da Vale, com a participação de fundos de pensão. “Na Vale por exemplo, o governo mantém uma influencia grande através dos fundos de pensão. E o governo poderia fazer algo semelhante na Petrobras”, disse Gomes em mesa redonda com jornalistas, nesta quarta-feira, 1 de junho.
Questionado sobre a disponibilidade de recursos destes investidores, o economista acredita que os fundos de pensão possuem capitalização suficiente para apoiar um possível processo de privatização. “Não vejo problema na entrada dos fundos de pensão, que estão bastante capitalizados, acho que haveria espaço”, disse Gomes. O economista explicou, porém, que a disponibilidade seria maior quando ocorrer um novo ciclo de corte dos juros da economia. “De qualquer maneira, é interessante que isso aconteça depois que os juros caíssem, quando os fundos de pensão terão mais recursos disponíveis para o mercado acionário”, disse.
O economista-chefe da Azimut Brasil não acredita que o governo consiga aprovar a CPMF ou de aumento da carga de impostos. Por isso, recomenda o levantamento de recursos através da realização de concessões e privatizações do setor público. “Nunca acreditei na possibilidade da CPMF ser aprovada no Congresso. Se for aprovada, será uma demonstração gigantesca de força do governo Temer”. Ele lembrou que mesmo Lula quando era presidente no auge de sua popularidade, não conseguiu aprovar a volta da CPMF.
Neste sentido, Paulo Gomes recomenda que a saída mais viável para equacionar a crise fiscal dos gastos públicos federais é a realização de um programa agressivo de privatização. Para isso, a privatização do controle Petrobras, seria uma sinalização mais clara para o mercado não apenas para levantar recursos, mas também para atrair investimentos. Ele defende ainda que o governo venda o controle da Petrobras como um todo, e não apenas algumas de suas empresas subsidiárias. Ainda assim, o governo poderia manter ainda uma participação acionária relevante na companhia, em torno de 40%.
Discussão com a sociedade – O economista acredita, porém, que será muito difícil que o governo Temer faça essa proposta. Porém, com a repercussão das investigações da Lava Jato, haveria condições para que o governo pudesse propor a discussão para a sociedade. “Acho difícil que isso [a privatização da Petrobras] irá acontecer, mas diante do que aconteceu na Lava Jato, é possível discutir isso com a sociedade”, disse.
Com a nova estrutura, a principal vantagem seria a atração de investimento privado externo para a companhia e a melhoria da gestão. “O principal é atrair investimentos e principalmente sinalizar que esse tipo de corrupção não vai acontecer mais, porque no setor privado é diferente. Se a empresa privada tem corrupção, os danos não são socializados”, justificou Gomes.