15-03-2016 – 15:08:40
O sistema de fundos de pensão deve fechar seu balanço de 2015 com déficit de R$ 70 bilhões, segundo estimativa da Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar (Abrapp). Em apresentação realizada nesta terça-feira, 14 de março, em São Paulo, a associação mostrou que o déficit até novembro foi de R$ 64,9 bilhões.
De acordo com o presidente da Abrapp, José Ribeiro Pena Neto, o déficit é conjuntural, e para 2016 ainda não é esperado que a situação seja revertida, mas provavelmente terá a manutenção dessa insuficiência. “Não acreditamos que o déficit será agravado, mas também não vemos melhorias. O mercado financeiro está complicado e os fundos de pensão estão inseridos nesse mercado. Precisaria uma melhoria nos resultados da economia como um todo”, avaliou Pena Neto.
Os fundos de pensão apresentaram rentabilidade de 7,30% em novembro do ano passado, próximo dos 7,5% que devem encerrar 2015, conforme adiantado no início do ano para a InvestidorOnline, destacando que, apesar da rentabilidade ter ficado bem abaixo da meta atuarial (16% em novembro e 17% no acumulado do ano), no geral, ao longo dos anos as fundações têm apresentado rentabilidade acima do mínimo atuarial. “Os planos estão bem avaliados, apesar de haver um aumento no passivo”, salientou.
O executivo disse ainda que grande parte do aumento do passivo se deve, além do aumento da longevidade, também ao maior número de demandas judiciais e explicou que essas demandas se referem, por exemplo, a benefícios pagos em desacordo com o estatuto de determinado fundo de pensão. Um exemplo de demanda judicial é o caso da Previ, que realizou o pagamento de benefício alimentação para 8,1 mil participantes por determinação da Justiça. A fundação negocia a devolução do montante pago a esses participantes após parecer do Superior Tribunal de Justiça.
Investimentos – Para Pena Neto, apesar da alocação das fundações ainda ser muito conservadora, o fraco desempenho da bolsa de valores brasileira impacta muito na tomada de risco dos fundos de pensão. Além disso, muitas entidades apostaram em investimentos estruturados como forma de diversificação, se depararam com uma performance abaixo do esperado desses investimentos, impactando assim em seu resultado. “Apesar das adversidades, as entidades seguem cumprindo com seus compromissos e pagando os benefícios em dia”, salientou Pena Neto.
Hoje, as fundações aplicam 49% de seus recursos em títulos públicos, 20% em ações, 10% em títulos privados, 8% em operações compromissadas, 7% em operações com participantes e imóveis e 6% em outros tipos de investimentos, como estruturados. No total, os ativos dos fundos de pensão encerraram 2015 em R$ 730 bilhões.