03-11-2016 – 18:11:16
O BTG Pactual vai comprar uma empresa especializada na reestruturação de empréstimos inadimplentes para voltar a atuar de maneira forte no segmento de ‘créditos podres’ corporativos, ou NPL (non-performing loans), após vender sua empresa de recuperação de dívidas Recovery para o Itaú no ano passado em meio à crise de liquidez após a prisão de seu ex-CEO André Esteves.
O nome da empresa e o valor a ser pago ainda não podem ser divulgados, mas a transação já está acertada, tanto é que no momento as discussões internas no banco são sobre o novo nome que será dado a essa empresa. A empresa a ser adquirida vai se juntar à área de reestruturação de dívidas que permaneceu dentro do BTG Pactual após a venda da Recovery, que soma atualmente 45 profissionais. Quando a aquisição for efetuada, a área do banco se juntará à empresa adquirida, em um projeto que prevê ter um quadro com 70 profissionais, e que vai desembolsar R$ 1 bilhão até 2018 na compra de carteiras inadimplentes.
Como o valor pago nas carteiras estressadas é um pequeno percentual do seu valor de face, Alexandre Câmara, sócio do BTG Pactual responsável pelas áreas de high yield credit e structured finance, prevê que as carteiras a serem adquiridas nos próximos meses devem somar de R$ 4 bilhões a R$ 30 bilhões de valor de face. Alem do segmento de créditos corporativos, a área do BTG Pactual também vai atuar no segmento imobiliário, com ativos reais estressados, que é uma das expertises da empresa a ser adquirida. Em um primeiro momento, os serviços da nova área do banco não serão oferecidos para terceiros, por conta de uma cláusula no contrato de venda da Recovery para o Itaú, que impede o BTG Pactual de oferecer o serviço para terceiros até dezembro de 2017.
Câmara afirma que, além dos bancos e empresas que serão alvos dessa investida, os fundos de pensão com carteiras estressadas também são um cliente em potencial dessa área que está sendo remontada dentro da instituição financeira. “Entendo que o ambiente institucional é bastante promissor para esse negócio”, afirma Câmara. “O desafio é começar a mobilizar os grandes vendedores sobre as oportunidades de venda”, acrescenta o executivo, que recorda que no passado recente algumas grandes fundações já começaram a se movimentar para se desfazer de ativos problemáticos, como Postalis e Petros.