Edição 159
Venda da área de seguros e previdência da Nossa Caixa demorou dois anos para ser fechada
“Equipe enxuta, extremamente focada e em constante e estreito relacionamento com o cliente: esse é o nome do jogo”, diz Rubens Cavalieri, diretor do Unibanco, a instituição mais ativa em fusões e aquisições entre os bancos de capital nacional em 2004 de acordo com pelo menos dois rankings diferentes, o da Anbid e o da Thomson. E o que é ser focado? Para Cavalieri, é fazer convergir os movimentos setoriais com aquilo que o cliente está querendo. Egresso do UBS, o executivo lembra que o Unibanco foi o primeiro banco de investimentos do Brasil e, portanto, as áreas de mercado de capitais e de fusões e aquisições fazem parte da formação genética da instituição.
Segundo ele, as instituições estrangeiras têm uma vantagem comparativa sabida no que tange às operações transnacionais, mas em compensação as brasileiras conseguem estabelecer um relacionamento mais próximo com o cliente, inclusive os de menor porte, e oferecer pacotes completos, que incluem advisory, mercado de capitais e empréstimos-ponte.
Esse foco é importante, frisa o executivo, porque as operações de fusões e aquisição têm longa maturação e geram receitas menores para as instituições do que as de equities (emissão de ações). Reforçando o que diz Cavalieri, Luiz Recchia, consultor financeiro do Stratus, afirma que uma operação de IPO (Inicial Public Offering) paga 5% de comissão, enquanto uma de fusões e aquisições, apenas 1%.
Como em geral são as mesmas equipes que cuidam de equities e de fusões, a área de fusões tende a ficar em segundo plano durante períodos como o boom de emissões visto no Brasil recentemente. Segundo Cavalieri, uma operação de fusão e aquisição, desde o primeiro contato até o fechamento, pode levar dois anos, enquanto uma de equities pode ser fechada em quatro ou cinco meses.
Um exemplo que ilustra a longa maturação dessas operações foi a Nossa Caixa, cuja subsidiária de seguros e previdência foi alienada e colocada em leilão na Bovespa, arrematada pelo grupo Mapfre pelo valor de R$ 225,8 milhões. A operação, montada pelo banco Fator, levou cerca de dois anos para ser fechada. “Em 2002”, lembra Venilton Tadini, diretor do banco, “essa venda não seria possível. Com o risco Brasil nas alturas e o dólar a praticamente R$ 4, o investidor sumiu”.
Hoje, com a relativa estabilidade, Tadini enxerga nos setores de seguros e previdência um bom campo a ser explorado. Segundo ele, há uma tendência dos bancos de focarem no negócio principal e alienarem suas áreas de seguros para empresas independentes – assim como fez o ABN Amro ao vender a subidiária Real Seguros à empresa Tokio Marine por R$ 897 milhões no final de abril. Isso interessa às companhias seguradoras estrangeiras, especialmente porque essas operações podem envolver a rede capilar das agências bancárias, usando-a para difundir os serviços de seguros pelo País.