Edição 159
Para concorrer com a KPMG, a Delloite passa a pesquisar e divulgar seu próprio balanço de operações
Atradicional pesquisa sobre fusões e aquisições divulgada trimestralmente pela KPMG, que começou a ter seu banco de dados montado em 1989, acaba de ganhar um concorrente. A partir de agora, a Deloitte começa a tornar públicos os dados que coleta sobre o mercado e que até então eram usados apenas internamente e de forma menos estruturada.
Assim como a KPMG, a Deloitte faz o levantamento dessas operações via pesquisa na imprensa e Internet , além de fontes oficiais como o Banco Central, IBGE, Unctad (Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento), juntas comerciais e informações que circulam dentro da própria Deloitte. Um departamento de pesquisa formado por oito pessoas é responsável por captar e organizar os dados.
Antonio Caggiano Filho, que atua na área de corporate finance da Deloitte, admite que esse tipo de pesquisa não consegue ser totalmente precisa. Segundo o executivo, uma considerável parte das operações fechadas no mercado doméstico mal chega ao conhecimento público. Por isso, não dá para dizer com segurança, por exemplo, que a entrada de capital estrangeiro, via compra de empresas no Brasil, respondeu pela maioria das operações em 2004. De fato, Deloitte e KPMG apresentam dados diferentes sobre os mesmos períodos analisados, tanto em número de operações como em relação ao perfil das transações.
Segundo Márcio Soares Lutterbach, sócio da KPMG, a empresa se vale de 200 fontes de informação que passam por uma espécie de varredura: um sistema de software adquirido pela KPMG é capaz de escanear os principais órgãos de imprensa com circulação nacional e regional e encontrar palavras-chave que remetem a operações de fusões e aquisições. Depois, esse material passa por uma triagem.
Com 30 pessoas no Rio e em São Paulo para cuidar de fusões e aquisições e structured finance, a KPMG foi listada em 22º lugar no ranking da Thomson em 2004, por volume de operações. Já em número de transações, ocupa a terceira posição, somente atrás do Goldman Sachs e o do ABN Amro Real.
A KPMG dedica ao capítulo das PPPs atenção especial, pois vê grandes oportunidade de negócios. “Daqui a um ano, é possível que haja um boom de operações devido às PPP’s”, diz Lutterbach. Ele explica que as parcerias trazem um efeito multiplicador, pois levam à formação de consórcios de outros investidores, podem gerar joint ventures, mexem a com rede de fornecedores e também com os prestadores de serviço.
No mundo, a empresa assessora 325 projetos. No Brasil, assinou o primeiro contrato do País, com o governo de Minas Gerais, para a licitação da rodovia MG-050. A KPMG apresentou ao governo três alternativas de modelagem, e uma deverá ser escolhida até meados deste mês de junho. “A partir daí faremos um road show para apresentar o projeto aos investidores e, até o final do ano, a rodovia já deverá estar licitada”, estima.
Segundo Caggiano, a Deloitte também considera as PPPs um alavancador de negócios em fusões e aquisições. A empresa ainda tem explorado duas frentes: uma é a movimentação gerada pela nova Lei de Falências, e a outra, o que se chama informalmente de “vestir a noiva”: preparar clientes para futuras associações ou venda a terceiros. “Há muitas empresas familiares e de middle market que não estão preparadas para se associar”, diz.
A Deloitte também está de olho no movimento de brasileiros comprando empresas estrangeiras. Fez um levantamento de 1993 a dezembro de 2004, e agora divulga uma listagem das principais operações (ver tabela).