De volta ao retorno absoluto | Investidores institucionais fazem ...

Edição 230

Investidores institucionais em geral voltarão ao “arroz com feijão” ao longo dos próximos 10 anos. Isso é o que aponta um relatório recente da McKinsey, de acordo com reportagem publicada na Pensions&Investments. O artigo mostra que esses aplicadores se movimentarão no sentido de tirar o foco em superar benchmarks e maximizar alphas não importando quais são as condições de mercado e voltar as atenções para estratégias que vão ao encontro de seus objetivos fundamentais de investimento. 

Chamado “O melhor e o pior dos tempos para investidores institucionais”, o relatório da McKinsey detalha as maiores mudanças esperadas para o cenário de investimentos e mostra as estratégias que os institucionais estão desenvolvendo para se adaptar a elas. “Só o tempo dirá qual estratégia se mostrou ser a acertada”, aponta o levantamento.
O rápido crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) nos países em desenvolvimento, um maior envolvimento do governo norte-americano em reduzir a dívida e as mudanças na gestão de riscos também vão desempenhar um grande papel na formação que o mercado financeiro vai adquirir nesta década, acrescenta o relatório.
“Os institucionais estão voltando para as bases”, afirma Jonathan Tetrault, um dos três autores do estudo da McKinsey. “Eles se deram conta de que isso ajuda a simplificar um pouco a sua atuação e permite ir ao encontro de seus objetivos de rentabilidade. Muitos deles estão retornando aos fundamentos e saindo dos índices”, completa.
Durante debates com mais de 50 especialistas neste mercado e profissionais de instituições que juntas administram mais de US$ 3 trilhões em ativos, os pesquisadores da McKinsey perceberam que as entidades concordaram que precisam se adaptar ao novo ambiente, mas estão utilizando uma vasta gama de estratégias para fazer isso. Algumas estão aprofundando suas táticas já existentes, enquanto outras têm repensado completamente seus investimentos e modelos operacionais.
Tetrault reforça que os investidores institucionais estão gradualmente migrando de retornos relativos para retornos absolutos no que se refere a metas de longo prazo. Os portfólios que estão sendo construídos serão menos alinhados com o alcance de benchmarks. Segundo o executivo, esses aplicadores chegaram à conclusão de que maximizar a diversificação não é necessariamente prover a melhor abordagem para se atingir os objetivos de retorno. “As entidades não estão tentando maximizar retornos, mas sim potencializar as chances de ir ao encontro de suas metas de rentabilidade com o menor envolvimento de risco possível”, observa.

Emergentes – A crise financeira de 2008 mostrou que a alta interconexão do mercado de capitais é ao mesmo tempo uma bênção e uma ameaça. “Enquanto a liquidez e a eficiência do mercado aumentam, a crescente interligação pode também levar a maiores e mais frequentes bolhas de ativos, expondo os institucionais a uma ascendente volatilidade”, aponta o relatório.
Segundo Tetrault, ainda que muitos dos investimentos de alta performance nos próximos 10 anos sejam resultado do crescimento dos mercados emergentes, os investidores institucionais devem evitar as classes de ativos que sugerem “uma ilusão de almoço grátis”, uma vez que os retornos em ações mostram uma correlação muito pequena com o crescimento econômico no curto e no médio prazo.
Os institucionais terão de achar a melhor abordagem – quer isso signifique trabalhar com gestores externos que contam com escritórios e uma presença global em mercados emergentes, quer seja criar uma rede de parceiros locais – para os investimentos em países em desenvolvimento. Uma das três grandes prioridades para 90% dos investidores que participaram do estudo é justamente como ser capaz de selecionar o melhor gestor externo para mercados emergentes.
“O que ficou bastante claro é que a exposição a mercados emergentes não está relacionada a performance”, diz Tetrault. Uma abordagem simples de investimento passivo em índices, por exemplo, pode muito bem gerar retornos decepcionantes, indica o relatório.
Em relação aos investimentos em ações em geral, a tendência é de que na próxima década as entidades limitem o número de companhias em que investem para algo entre 30 e 40, com aplicações maiores, mais longas e com menos volatilidade. Três principais estratégias se destacaram no relatório da McKinsey: relacionamentos de longo prazo nos investimentos, aplicações que seguem temas e posições a prova de qualquer cenário. “Os institucionais se tornaram muito mais focados em riscos absolutos e menos em riscos relativos”, diz Tetrault. “Esses investidores têm pensado cada vez mais em estratégias absolutas”, conclui.