Edição 92
A queda da taxa de juros está sendo o grande pesadelo dos fundos de pensão. Com ela, a rentabilidade das fundações despencou no ano passado, sendo que muitas delas não conseguiram cumprir sua meta atuarial. O percentual que os fundos de pensão destinam ao mercado de bolsas ainda é muito baixo, não chegando a 30% dos seus ativos totais, se dessa conta for excluída a Previ. A exclusão explica-se pelo porte da fundação dos funcionários do Banco do Brasil, que representa sozinha quase um terço dos ativos do sistema de fundos de pensão. Se ela, que tem quase 60% dos seus recursos aplicados em ações, fosse incluída na conta isso distorceria qualquer média.
Excluída a Previ, as outras fundações possuem quase 70% dos seus ativos aplicados em renda fixa, razão pela qual uma grande parte delas teve grandes dificuldades em cumprir a meta no ano passado. A tendência é que elas ampliem, a partir deste ano, suas aplicações em ativos com maior capacidade de retorno, como o mercado de ações, títulos de empresas privadas, project finance etc, mesmo à custa de um risco um pouco maior. A época de simplesmente comprar títulos públicos e ficar sentado esperando os altos rendimentos que eles davam, acabou. Cada vez mais é preciso criatividade dos dirigentes dos fundos e dos gestores de ativos para buscar as melhores rentabilidades.
A titular da Secretaria da Previdência Complementar (SPC), Solange Paiva Vieira, tem insistido que a meta de IGP-M + 6% é alta e exige grande preparo dos dirigentes para ser batida no longo prazo. Grande parte de suas intervenções mudando as regras de funcionamento do sistema tem como explicação essa preocupação com o cumprimento das metas atuariais no longo prazo e o equíbrio atuarial das fundações no presente. Em entrevista dada à Investidor Institucional na edição passada, ela disse que estava fazendo mudanças no sistema para adequá-lo ao futuro. E esse futuro, ela prevê, é de taxas de juros cada vez mais modestas.
Nossa reportagem da página 24, escrita pela repórter Valdete de Oliveira, mostra os caminhos que as fundações estão tomando para elevar a rentabilidade dos seus ativos, tanto diversificando as suas aplicações quanto aumentando o risco dos seus ativos, de modo a poder cumprir no longo prazo com a promessa feita aos participantes, de garantir a aposentadoria complementar.