Edição 72
Apesar de todas as indefinições da reforma previdenciária, as empresas continuam optando por patrocinar planos de previdência para seus empregados. Como mostra nossa reportagem à página 11, escrita pelo editor Alexandre Sammogini, nada menos de 152 empresas decidiram patrocinar fundos de pensão fechados no ano passado, do tipo multipatrocinados ou exclusivos.
A razão disso, está claro, é a necessidade de oferecer aos seus empregados benefícios compatíveis com aqueles que outras companhias do setor já oferecem, como forma de reter os melhores talentos. O caso da Millennium, uma multinacional do setor químico que criou a Previmill em outubro do ano passado, é exemplo disso. A empresa criou o fundo de pensão para impedir que gente qualificada migrasse em direção à concorrência, grande parte da qual já tem suas próprias fundações.
Gente qualificada é, na verdade, o que conta hoje para as empresas. Se o Brasil entrar, como de fato parece que vai entrar, num período de crescimento econômico, a curva da taxa de desemprego mudará de direção e torna-se negativa em pouco tempo. A disputa pelos melhores empregados, aqueles que de fato fazem a diferença em uma empresa, será acirrada.
Isso já aconteceu na primeira metade dos anos 80. No início dos 80, quando a taxa de desemprego era tão ou mais alarmante que a registrada no ano passado e a sociedade vivia um clima de pessimismo, bastaram alguns meses de câmbio favorável para que as exportações reagissem e a produção começasse a crescer, eliminando as famosas filas de desempregados em frente das portas das fábricas. Com as exportações crescentes, mais empregos foram criados e mais renda foi colocada no mercado, transformando-se em pouco tempo em consumo e incrementando os negócios das empresas voltadas ao mercado interno. É o que se costuma chamar de círculo virtual.
A balança comercial brasileira também está reagindo dessa vez, devendo repetir o ciclo do início dos 80. Já se nota queda das taxas de desemprego. Se na indefinição do ano passado registrou-se 152 novos patrocínios aos fundos de pensão, com o aquecimento da economia, esse número deve dar um salto. Não será uma surpresa.