Aprovação da reforma anima os mercados

Edição 137

A reforma da Previdência, aprovada em primeiro turno na Câmara dos Deputados, pode marcar o início de um novo período para o governo do presidente Lula, que nas últimas semanas foi acuado por pressões tanto da sua tradicional base de apoio (movimento dos Sem Terra, dos Sem Teto e parte do seu próprio partido) quanto por empresários e pelo mercado, o que fez com que o dólar e o risco Brasil iniciassem uma escalada de alta (contida com a aprovação da Reforma).
A frase que mais se ouvia nas últimas semanas é que a lua-de-mel dos empresários e do mercado com Lula havia acabado. O presidente da Fiesp, Horácio Lafer Piva, veio a público para dizer que as empresas não estavam agüentando mais a falta de uma perspectiva de crescimento econômico. O próprio dono da Gradiente, Eugênio Staub, que nos primeiros meses do governo circulava com desenvoltura por Brasília dando sugestões e falando bem do PT, de repente passou a cobrar da equipe econômica uma postura mais ativa na promoção do crescimento.
Quer dizer, o cenário que começava a se desenhar para o governo era cada vez mais de insatisfação e de cobranças. A aprovação da reforma da Previdência, de forma rápida e contundente, veio em boa hora para o governo. Ela, apesar dos protestos dos funcionários públicos que tomaram Brasília nos dias da votação da reforma, pode servir para recompor a base de apoio do governo em termos mais realistas. Foi o primeiro teste duro do governo e, a partir dele, o governo sabe com quem pode contar e com quem não pode.
A votação serviu também para dar um novo alento aos empresários e ao mercado, que começam a desconfiar da capacidade desse governo de conduzir com firmeza o processo de encaminhamento e votação das reformas. Hoje, poucos duvidam que a reforma tributária, que é tão necessária ao desenvolvimento do País, vá andar. Talvez haja acordos, talvez ela não saia com a amplitude que muitos esperam, mas com certeza ela vai ser encaminhada e chegará ao plenário da Câmara para ser votada, assim como foi a reforma da Previdência.
Na reportagem da página 22 mostramos o que muda para o sistema da previdência complementar com as novas regras da previdência. Também publicamos nesta edição, excepcionalmente com duas entrevistas, o que acham da aprovação da reforma da Previdência o vice-presidente do Itaú, Alfredo Setúbal, e o ex-presidente da Paraná Previdência, Renato Follador.