Ainda a Argentina | Para luciano Coutinho, a mudança do regime ca...

Edição 102

As dificuldades da nossa vizinha Argentina ainda são o tema das conversas de 9 entre cada 10 profissionais do mercado de investimentos. Não é para menos! Afinal, cada movimento que ocorre por lá reflete aqui quase que imediatamente, dentro dessa realidade que é o mercado globalizado. Em entrevista à esta revista, o economista Luciano Coutinho avalia que a mudança da paridade do peso em relação ao dólar é um caminho sem retorno, deve acontecer em breve, no contexto do que ele chama de Plano B. “O plano B é o default organizado, prevê uma reestruturação da dívida de longo prazo com algum desconto da dívida, o abandono do sistema de conversibilidade e a flutuação da taxa de câmbio”, diz Coutinho. “Esse plano, que já está sendo discutido internamente, é inevitável”.
Para o Brasil, a mudança na Argentina poderia abrir oportunidades de ganhos para os investidores institucionais, analisa o economista. “No momento mais grave da crise, uma queda adicional de ações ou de outros ativos poderá dar ponto de compra, abrindo oportunidades de posicionamento, a um bom preço, em várias ações”, diz ele. É o velho preceito chinês, de que a palavra crise contém um tanto de risco e outro tanto de oportunidades.
Risco é também o tema de outra reportagem desta edição, assinada pelo editor-executivo, Alexandre Sammogini. Ele ouviu o diretor de investimentos da Previ, Erik Persson, sobre um estudo desenvolvido pela fundação para medir seu risco em vários campos de atuação. O objetivo é casar a rentabilidade dos seus ativos com as suas necessidades de caixa, garantindo que os recursos para pagar os benefícios estejam disponíveis no momento certo.
O sinal para iniciar os estudos foram dados quando a Previ começou a mudar seu perfil de contribuições, deixando de ser uma fundação cujos ingressos de recursos de participantes superam as saídas e tornando-se uma fundação cujas saídas (pagamento de benefícios) superam os ingressos (contribuições). E esse momento deve acontecer em breve, explica Erik.
“Não podemos perder mais tempo. É muito importante começar a utilizar um modelo de Asset Liability Management (ALM) para orientar o planejamento dos investimentos da Previ a fim de cumprir com nossos compromissos”, ressalta o diretor de planejamento da Previ.