Rumo ao novo ciclo econômico

Edição 381

Melhor Economista de Asset – Marcelo de Toledo • Bram – Bradesco Asset

Marcelo de Toledo, da Bram – Bradesco Asset

Na análise do economista-chefe da Bradesco Asset, Marcelo Toledo, a travessia para 2026 é definida por duas forças centrais: a calibragem da política monetária e o comportamento da economia global. Segundo ele, o Copom deverá iniciar o corte da Selic apenas em março do próximo ano, em movimento inicial de 50 pontos-base, num ambiente em que a inflação segue perdendo fôlego e a atividade mostra sinais de desaceleração. “Os núcleos da inflação passaram de um pico de 6% para níveis abaixo de 4%”, afirma.

No cenário externo, a visão predominante é de juros em queda nos EUA, para 3,25%, e crescimento global relativamente favorável. Ainda assim, a fase de dólar fraco “parece ter ficado para trás”, observa.

Ganhador do Troféu Benchmark na categoria Melhor Economista de Asset, Toledo é economista-chefe da Bradesco Asset desde 2016. Sua trajetória profissional começou em 1998 e inclui passagens pelo Boavista Interatlântico, Itaú e Banco Bradesco. É doutor e graduado em economia pela FEA-USP e mestre em economia pela PUC-Rio.

Para 2026, ele projeta que a inflação siga convergindo para a meta e reforça que o mercado de trabalho, embora ainda resiliente, tem mostrado perda gradual de dinamismo. “A comunicação do Copom segue firme, buscando consolidar o processo de desinflação”, diz. A projeção da casa é de que a Selic encerre o ano em 12%, caso o ciclo transcorra sem sobressaltos.

No front internacional, Toledo elenca cinco riscos que devem acompanhar os investidores: avanço ou recuo dos investimentos em inteligência artificial, tensões entre EUA e China, incertezas sobre o futuro da Europa, desequilíbrios fiscais e volatilidade das commodities. Sobre a relação entre as duas maiores potências, afirma que a recente trégua é frágil. “É fácil vislumbrar cenários nos quais o conflito volta a escalar”, diz.