Cenário abre espaço para diversificação

Edição 381

Melhor Gestor de Ativos no Exterior – Daniel Celano • Schroders Br

Celano,Daniel(Schroders) 24ago 01
Daniel Celano, da Schroders Br

A desaceleração do dólar e os juros altos no Brasil têm redesenhado o comportamento dos investidores institucionais, concentrando as carteiras em risco local e reduzindo a diversificação internacional. Para Daniel Celano, Country Head da Schroders no Brasil, o momento é de cautela e leitura estratégica. “Os juros mais altos geraram uma maior alocação em títulos de juros reais e uma redução na diversificação de portfólios”, afirma. Mesmo assim, ele vê oportunidades: “Há um interesse crescente em soluções internacionais que tragam descorrelação e consistência de retorno.”

Executivo com 25 anos de experiência no mercado financeiro, Celano comanda a operação brasileira da Schroders desde 2014 e integra o grupo desde 2008. Formado em administração pela UFRJ, é o vencedor do Troféu Benchmark 2025 na categoria Melhor Gestor de Investimentos Internacionais.

Sobre o cenário atual, Celano destaca dois vetores principais: o ciclo monetário brasileiro em patamares restritivos e o movimento de desvalorização do dólar no ano. Segundo ele, essa combinação levou a uma “concentração maior em risco de juros local” e a um momento em que o câmbio atua como variável importante nas decisões de alocação. Contudo, ele não acredita que a tendência de enfraquecimento do dólar seja permanente. “Com o possível arrefecimento da guerra comercial entre China e EUA, esse downtrend do dólar não deve se prolongar”, avalia.

O executivo projeta um 2026 de queda gradual dos juros domésticos, à medida que a inflação se acomode e o câmbio permaneça em patamares mais estáveis. Esse movimento, diz, deve impulsionar uma nova onda de diversificação e maior busca de ativos globais. “Muitos clientes já se preparam para esse ambiente, buscando alocações internacionais sob medida e fundos multimercados globais sem exposição ao dólar, que têm batido o CDI há mais de três anos.”

Para Celano, a próxima fase deve combinar renda variável local e internacional, com mais apetite a risco e menos volatilidade. “Num ambiente de juros longos mais baixos e percepção de ‘risk on’, os investidores institucionais tendem a ampliar gradualmente a exposição em ativos de maior retorno”.