
Levantamento realizado pela Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc) na data de 30 de setembro último mostra que nenhum fundo de pensão possuía investimentos no Banco Master, instituição que nesta terça-feira (18/11) foi alvo da Operação Compliance Zero, da Polícia Federal, que cumpriu 25 mandados de busca e apreensão e sete mandados de prisão —cinco preventivas e duas temporárias. “Investimento zero de fundos de pensão”, concluiu a autarquia.
A operação Compliance Zero investiga a emissão de títulos de crédito fictícios, além de possíveis crimes de gestão fraudulenta, gestão temerária, fraude no sistema financeiro e organização criminosa dentro da instituição. O presidente e principal acionista do banco, Daniel Vorcaro, foi preso enquanto se preparava para deixar o país.
Se os fundos de pensão estavam zerados em papéis do Máster, o mesmo não se pode dizer dos Regimes Próprios de Previdência Social (RPPS). Um total de onze entidades possuíam títulos do Máster, totalizando R$ 1,76 bilhão. O maior investidor no banco de Vorcaro, entre os RPPS, é o RioPrevidência, com R$ 970 milhões (ver lista dos RPPS que investiram no Máster, ao final desta matéria).
Há pouco mais de um mês, o Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ) já havia determinado que o RioPrevidência suspendesse imediatamente novos investimentos ligados ao Master. Técnicos do tribunal identificaram que 25% de todo o patrimônio do instituto estava exposto a títulos, fundos ou estruturas administradas pelo grupo de Vorcaro.
O Rioprevidência divulgou nota oficial afirmando que todos os investimentos foram feitos dentro das normas e eram monitorados diariamente, afirmando que parte dos fundos administrados pela Master Corretora não possui vínculos com o Banco Master.
Decisão do BC – A gravidade do caso levou o Banco Central a decretar liquidação extrajudicial do Banco Master — medida reservada a instituições consideradas insolventes ou com risco sistêmico relevante.
Em Brasília, o impacto da liquidação do Máster chegou ao BRB (Banco de Brasília), cujo presidente, Paulo Henrique Costa, foi afastado por determinação judicial após a PF cruzar dados que relacionavam executivos do banco público às negociações que envolviam o Master. Em março deste ano o BRB tinha anunciado a intenção de comprar 58% das ações do Master pelo valor de R$ 2 bilhões. O processo de aquisição foi vetado pelo Banco Central.
A liquidação d banco de Vorcaro também enterrou a recém-anunciada aquisição do Banco Master pela holding Fictor, numa operação estimada em mais de R$ 3 bilhões. A negociação havia sido divulgada na segunda-feira (17/11).
Investimentos dos RPPS no Banco Master (total R$ 1,76 bilhão)
| RioPrevidência (RJ) | R$ 970 milhões |
| Amapá Previdência (AP) | R$ 400 milhões |
| Maceió Previdência (AL) | R$ 100 milhões |
| Cajamar (SP) | R$ 100 milhões |
| São Roque (SP) | R$ 56 milhões |
| Amazonas Previdência (AM) | R$ 54,4 milhões |
| Aparecida de Goiânia (GO) | R$ 42 milhões |
| Araras (SP) | R$ 31 milhões |
| Santo Antônio da Posse (SP) | R$ 7,7 milhões |
| Santa Rita d’Oeste (SP) | R$ 1,9 milhão |
| Campo Grande (MS) | R$ 1,3 milhão |