CalPERS adota TPA, novo modelo de gestão de investimentos

O maior fundo de pensão dos Estados Unidos, com ativos da ordem de US$ 556,2 bilhões em julho, deu nesta segunda-feira (17/11) um passo histórico. O CalPERS aprovou o modelo de gestão conhecido como “total portfolio approach” (TPA), que substituirá o sistema tradicional de alocação de ativos a partir de 1º de julho de 2026. A decisão, anunciada em nota oficial pela fundação, marca uma das mudanças mais profundas já feitas na forma como o fundo administra seus recursos.

No comunicado, o CalPERS explica que o TPA representa uma mudança estrutural: em vez de metas rígidas de alocação para cada classe de ativos — como ocorre hoje no modelo de strategic asset allocation (SAA) —, o foco passa a ser quais investimentos, independentemente da classe, contribuem mais para o desempenho do portfólio como um todo.

No SAA, o conselho do fundo periodicamente determinava percentuais fixos para renda variável, renda fixa, investimentos alternativos e demais categorias. Já o TPA elimina essas metas específicas e dá maior autonomia aos times internos, permitindo ajustes rápidos conforme o mercado evolui.

Flexibilidade e transparência – Segundo a nota da fundação, o novo modelo “aumenta a transparência e dá à equipe de investimentos maior flexibilidade para aproveitar oportunidades em diferentes classes de ativos”, tornando a gestão mais ágil em um ambiente global cada vez mais volátil.

David Miller, presidente do Comitê de Investimentos do CalPERS, afirmou que a decisão é histórica, “O CalPERS é o primeiro fundo de pensão dos Estados Unidos a adotar o TPA, e acredito que isso dará à equipe a vantagem necessária para tomar decisões sólidas”, diz

Ele ressalta que o objetivo final permanece o mesmo: melhorar o nível de solvência do fundo e reduzir as contribuições de empregadores e contribuintes.

Planejamento de longo prazo – A aprovação do TPA integra o ciclo de Asset Liability Management (ALM) do CalPERS, processo estratégico realizado a cada quatro anos para equilibrar o custo futuro dos benefícios previdenciários com o retorno esperado dos investimentos.

Dentro do modelo atual (SAA), o conselho estabelece metas de alocação a cada ciclo e realiza uma revisão intermediária para decidir se os pesos precisam ser ajustados. A mudança para o TPA elimina esse passo e permite que a equipe mova o portfólio mais rapidamente quando as condições de mercado mudam.

A nota destaca ainda um levantamento feito em março deste ano com 26 grandes fundos de pensão globais que já utilizam o TPA. Segundo o estudo, essas instituições tiveram desempenho 1,3% superior ao dos fundos que permaneciam no modelo tradicional ao longo de uma década.

Para a CEO do CalPERS, Marcie Frost, o novo modelo reforça o trabalho conjunto das equipes internas. “O TPA incentiva uma colaboração maior entre os times de investimento, aproveitando sua inteligência coletiva para avaliar cada decisão pelo potencial de beneficiar o portfólio como um todo”, afirma.

Benchmark único – Outra mudança relevante aprovada pelo conselho foi a adoção de um benchmark único, composto por 75% em ações e 25% em títulos de renda fixa. Esse índice será a referência para avaliar o desempenho do portfólio sob o novo modelo.

Hoje, o CalPERS utiliza 11 benchmarks diferentes, um para cada classe de ativos, o que — segundo a fundação — dificulta a transparência e a avaliação consolidada de performance. Com o benchmark único, a análise tende a ficar mais simples e direta.