
A Charles Schwab, uma das principais empresas de investimentos do Estados Unidos, anunciou nesta quinta-feira (6/11) a compra da Forge Global Holdings por cerca de US$ 660 milhões (R$ 3,5 bilhões), em um movimento que marca sua entrada de forma mais decisiva no mercado de ações privadas, ou seja, de empresas que ainda não fizeram IPO. O acordo, aprovado por unanimidade pelos conselhos de administração das duas companhias, deve ser concluído na primeira metade de 2026, após aprovação regulatória e dos acionistas da Forge.
Pelo acerto, a Schwab pagará US$ 45 por ação da Forge — um prêmio de mais de 70% sobre o preço de fechamento recente dos papéis da empresa. A operação reforça a estratégia da Charles Schwab de ampliar o acesso de seus clientes a ativos alternativos, tradicionalmente restritos a investidores institucionais ou de grande patrimônio.
A Forge Global é uma das principais plataformas de negociação de ações de companhias que ainda não abriram capital. Desde sua criação, a empresa já movimentou mais de US$ 17 bilhões em transações envolvendo participações em empresas privadas. Na prática, ela funciona como um mercado secundário para investidores que desejam comprar ou vender participações em startups ou unicórnios antes do IPO.
Em comunicado, a Schwab afirmou que a aquisição “criará o principal destino para democratizar o acesso aos mercados privados”, ampliando oportunidades de investimento em um segmento que cresce rapidamente. A corretora, que administra mais de US$ 11 trilhões (R$ 58 trilhões) em ativos de clientes, aposta que a demanda por investimentos alternativos continuará aumentando nos próximos anos.
De acordo com um estudo citado pela empresa, o volume global de ativos alocados em classes alternativas — como participações em companhias privadas — deve saltar de cerca de US$ 4 trilhões (R$ 21 trilhões)atualmente para US$ 13 trilhões (R$ 69 trilhões) até 2032. O negócio posiciona a Schwab de forma mais competitiva nesse mercado, que vem atraindo o interesse de grandes instituições financeiras à medida que empresas de tecnologia e startups permanecem privadas por mais tempo.
Apesar do otimismo, analistas alertam que o segmento de investimentos em empresas privadas envolve maior risco e menor liquidez. Além disso, a integração entre uma instituição tradicional como a Schwab e uma plataforma digital especializada pode apresentar desafios operacionais e regulatórios.
A aquisição ainda depende de aprovação dos órgãos reguladores dos Estados Unidos, o que pode atrasar a conclusão da transação. Caso seja confirmada, a operação deve impulsionar a competição entre grandes corretoras e bancos que buscam ampliar a oferta de investimentos fora dos mercados públicos.
Com o negócio, a Schwab pretende usar a infraestrutura tecnológica da Forge para oferecer novas opções de investimento e aumentar a transparência e liquidez em um mercado até então restrito. A expectativa é que a iniciativa fortaleça a tendência de democratização dos mercados privados, tornando-os mais acessíveis a uma base ampla de investidores.