
Com reservas de R$ 1,33 trilhão ao final do primeiro semestre, a previdência complementar fechada deve fechar o ano com uma rentabilidade entre 12% e 15%, dependendo do retorno da bolsa de valores até dezembro. Num cenário otimista, com o Ibovespa fechando acima de 168 mil pontos, o retorno médio da carteira de renda variável das entidades em 34,6% elevaria a rentabilidade total para 15,32%; num cenário base, com o Ibovespa a 154 mil pontos, o retorno médio da renda variável em 23,2% alavancaria a rentabilidade total para 14,45%; e num cenário conservador, com o Ibovespa mantendo os 124 mil pontos, o retorno médio da renda variável garantiria uma rentabilidade total de 12,63%.
No primeiro semestre, a rentabilidade média das Entidades Fechadas de Previdência Complementar (EFPC) foi de 6,48%, superando a meta atuarial média de 5,1%. Segmentando por tipo de planos, os de Contribuição Variável fecharam o semestre com rentabilidade de 7,09%, os de Contribuição Definida renderam 6,89% e os de Benefício Definido 6,01%. Os números foram divulgados pelo presidente da Abrapp, Devanir Silva, na coletiva de imprensa realizada nesta quinta-feira (16/10) para falar sobre o 46º Congresso de Previdência Complementar, que abre no próximo dia 22 de outubro.
Concentração em renda fixa – Segundo ele, a participação da renda variável no total de recursos administrados pelos fundos de pensão nunca foi tão baixa. O Consolidado Estatístico da Abrapp mostra que a participação da renda variável no total de recursos do sistema era de apenas 8% ao final do primeiro semestre do ano, o menor percentual desde 2020, quando representava 20,4% do consolidado. Desde então, o segmento vem perdendo participação, descendo para 15,8% ao final de 2021, 13,7% em 2022, 12,3% em 2023 e 9% em 2024. Segundo a Abrapp, a queda reflete “uma postura de gestão mais conservadora diante da volatilidade dos mercados e das mudanças no cenário de juros e inflação”.
Já a renda fixa fez uma trajetória inversa. De 72,6% do total de ativos administrados pelas Entidades Fechadas de Previdência Complementar (EFPC) ao final de 2020, subiu para 75,7% ao final de 2021, 78,2% em 2022, 79,1% em 2023, 82,9% em 2024 e 84,4% em junho último.
“Hoje, mais de R$ 890 bilhões estão aplicados em títulos públicos. Precisamos avançar para um modelo mais equilibrado, com maior diversificação e contribuição direta ao desenvolvimento do país”, avalia Silva. Segundo ele, as EFPCs vêm diversificando gradualmente sua carteira de investimentos, com destaque para investimentos em infraestrutura, inovação, economia real, ESG e agronegócio, setores estratégicos para o desenvolvimento nacional e que têm impacto direto na geração de emprego, inovação e crescimento regional. “As EFPCs não são apenas guardiãs da poupança previdenciária, mas motores de investimento capazes de impulsionar o crescimento econômico sustentável do país”, acrescenta Silva.
Solvência – Outro ponto destacado por Silva é em relação ao índice de solvência dos fundos de pensão, que em junho era de 99% mas estava avançando. “Vamos passar dos 100% até o final do ano”, garante Silva. O presidente da Abrapp destaca também que o déficit líquido do sistema caiu de R$ 8,9 bilhões em dezembro de 2024 para R$ 5,9 bilhões no primeiro semestre de 2025.
Fiscalização do TCU – Silva criticou a fiscalização direta do Tribunal de Contas da União (TCU) sobre entidades fechadas de previdência, defendendo que a fiscalização primária deve ser realizada pela Previc, que é autarquia criada com essa finalidade, cabendo ao TCU a fiscalização secundária, sobre os patrocinadores públicos de entidades fechadas.
Ele lembrou que Abrapp e a Previc estiveram reunidas com o Ministro da Advocacia-Geral da União, Jorge Messias, para reforçar a viabilização do acordo de cooperação entre os dois órgãos com o objetivo de evitar a duplicidade de atividades fiscalizatórias.