Consolidação de fundos de pensão no Reino Unido ameaça mandatos

A gestora escocesa Baillie Gifford pode perder bilhões de libras em mandatos com fundos de pensão do Reino Unido à medida que o governo britânico acelera o processo de consolidação do Local Government Pension Scheme (LGPS) — um sistema que reúne os fundos de pensão de governos locais da Inglaterra e do País de Gales com US$ 525 bilhões em ativos, somados.

Segundo reportagem do jornal Financial Times, a Baillie Gifford administra alguns dos maiores mandatos de dois dos oito pools regionais do LGPS, o Access e o Brunel Pension Partnership, que estão próximos a serem encerrados. Juntos, eles representariam cerca de US$ 12,8 bilhões em ativos sob gestão só para a gestora escocesa.

A chanceler do Tesouro, Rachel Reeves, defende que a consolidação permitirá reduzir custos e formar estruturas mais robustas para investir em grandes projetos de infraestrutura e em empresas de rápido crescimento.

O plano prevê que, até abril do próximo ano, os seis pools restantes assumam integralmente a gestão dos ativos de Access e Brunel, recebendo cerca de US$ 120 bilhões.

A mudança ocorre em um momento delicado para os gestores de estratégias ativas no Reino Unido. Nos últimos anos, a indústria sofreu uma forte migração de clientes para estratégias passivas que cobram menores taxas. Segundo dados da Morningstar, só neste ano, até agora, os fundos ativos já registraram saídas líquidas de US$ 18,36 bilhões, superando os US$ 15,68 bilhões retirados em todo o ano passado.

Em nota, Chris Murphy, sócio da Baillie Gifford, que tem cerca de US$ 281,4 bilhões em ativos sob gestão, ressaltou que o relacionamento da gestora com os fundos de pensão locais foi construído ao longo de quase 40 anos, com base em “adaptabilidade e pensamento de longo prazo”.

A fala sugere que a empresa aposta em sua reputação histórica e em sua capacidade de se adaptar às novas exigências do mercado britânico para preservar parte de seus mandatos.