Autarquias reguladoras debatem segurança cibernética em São Paulo

A segurança cibernética está sendo tema de um evento que começou nesta quarta-feira (24/9), em São Paulo, reunindo especialistas das autarquias reguladoras Banco Central, CVM, Previc e Susep, além de outras áreas do governo federal e de empresas privadas. O evento, com duração de dois dias, foi organizado pelo Coremec, o comitê que reúne as quatro autarquias reguladoras, em parceria com a Federação Nacional de Associação dos Servidores do Banco Central (Fenasbac).

Na pauta do evento constam discussões sobre Supervisão de ativos digitais e moedas estáveis, Incidentes cibernéticos e políticas de segurança no Brasil e no mundo, Visão dos provedores de soluções de tecnologia e Segurança e visão das entidades supervisionadas, entre outras.

Na abertura do evento, o superintendente da Previc, Ricardo Pena, lembrou que “a questão da cibersegurança é fundamental” para a previdência complementar fechada, um segmento que possui atualmente cerca de 3,3 milhões de participantes ativos e assistidos. Ele lembrou que, recentemente, uma conexão com o sistema Pix, fornecida pela empresa Sinquia, foi alvo de ataque de hakers. A mesma empresa também fornece sistemas para grande parte das entidades fechadas de previdência complementar (EFPC). “Cerca de 75% das EFPCs usam tecnologia da mesma empresa”, lembrou Pena. “É um dado preocupante”.

Já o superintendente da Susep, Alessandro Octaviani, explicou que três grandes “complexidades” potencializam os riscos cibernéticos atualmente: a) o caráter digital de quase todas as atividades da vida cotidiana; b) uma política de incentivo à concorrência, vinda de fintechs e novas estruturas disruptivas nem sempre devidamente regulamendas, às quais se acoplam, eventualmente, atividades ilícitas; c) a complexa geopolítica do planeta, que permite a grupos específicos operar através de localidades mais frágeis, endereçando a partir dai ações criminosas a várias outras partes do mundo.

Em relação ao último ponto, Octaviani chama a atenção para a capacidade desses grupos criminosos paralisarem não apenas as atividades de um setor, como aconteceu nos aeroportos da Europa na semana passada, mas até um País todo. “Mesmo que a grande maioria dos setores esteja segura, eles entram sempre pela ponta mais frágil”, explica. “Eles buscam onde há alguma vulnerabilidade para agir”.

Outro que falou na abertura do evento foi o diretor de fiscalização do Banco Central, Ailton de Aquino, explicando que “as atividades criminosas estão mudando rapidamente do mundo físico para o virtual”. Segundo ele, a digitalização financeira, que barateia custos e traz facilidades para o público em geral, “também aumenta o risco do sistema”. Para Aquino, o segmento financeiro deve “aprender rapidamente com cada nova tentativa de ataque” vinda de criminosos cibernéticos.

Também falou no painel de abertura do evento o superintendente geral da CVM, Alexandre Pinheiro dos Santos, enfatizando que “não há como falar em segurança cibernética sem uma ampla cooperação entre os vários reguladores, inclusive internacionais”. Ele sublinhou que o custo de paralisação de setores inteiros, como aconteceu com os aeroportos europeus na semana passada, embora alto não chega aos pés do que aconteceria em uma eventual paralisação de todo o sistema financeiro. “Seriam perdas imensas”, afirma.