Edição 120
As perdas registradas nos fundos de investimento após a nova marcação a mercado acentuaram as discussões sobre os limites de risco que o investidor está disposto a correr ao transferir seus recursos a um gestor do mercado. “Antes, simplesmente a fundação esperava uma rentabilidade e não se discutia as limitações de risco. Agora o retorno fica num segundo plano, passa-se a impor ao gestor o limite de risco (orçamento). O cliente coloca uma cerca e espera para ver quanto dá para ganhar”, diz o vice-presidente do JP Morgan, Adauto Martins.
Segundo o gestor da Petros, Marcelo Pelegrino, há dois tipos de orçamento de risco que a fundação delega aos seus gestores em renda fixa. Em fundos de investimento mais conservadores, o limite de perda imposto pela Petros é de 0,15% de VAR diário sobre o patrimônio líquido da fundação. Essa equação também leva em conta uma rentabilidade desejada de 102% do CDI. Já em fundos de investimento moderadamente conservadores do fundo de pensão, o VAR chega a 0,30%, combinado com uma rentabilidade esperada de 105% do CDI. Para Pelegrino, a principal vantagem da utilização do VAR é que ficou mais fácil a comparação do desempenho dos gestores. “Quando você delega ao gestor o nível de risco que quer correr, o controle das ações dele fica mais transparente”, afirma.
Risk budget – Com a maior preocupação com o risco, começa a popularizar-se uma nova expressão para medir a relação entre o risco que o investidor está disposto a assumir e o retorno esperado: risk budget (orçamento de risco). Segundo Adauto Martins, do JP Morgan, é cada vez mais comum ouvir-se essa expressão entre os fundos de pensão. A Petros, inclusive, é uma das fundações que incorporou a nova expressão ao seu vocabulário há pouco mais de um ano.
Outra que adotou a nova expressão é a Unibanco Serviços de Investimentos, para as empresas seguradoras do grupo (Unibanco AIG e Interamericana) e também cerca de 20 clientes externos, como fundos abertos de previdência, informa o superintendente da consultoria, Oswaldo Schmidt.
Segundo ele, é importante verificar o horizonte de longo prazo na hora de definir o orçamento de risco. “É preciso levar em conta também
o ALM (Asset Liability Management – casamento entre o ativo e passivo”, afirma.