Fibra migra recursos da renda variável e exterior para alocar em ...

22-04-2015  –  18:40:34

 

A Fundação Itaipu (Fibra) está aproveitando os ganhos com investimentos no exterior para alocar a rentabilidade excedente em NTNB-s. O fundo de pensão também vem realocando aplicações de renda variável para os títulos públicos e fundos DI. “Embora o CDI não esteja batendo meta este ano, ele traz mais liquidez à carteira, o que é importante em tempos de incertezas”, afirma Sílvio Rangel, diretor superintendente da Fibra. Os dois fundos que receberam investimentos da Fibra no ano passado, um do BlackRock e outro do J.P. Morgan, renderam 40% em 2014. A rentabilidade desses fundos, em torno de R$ 8 bilhões, foi transferida para a carteira de NTN-Bs este ano.

Já a renda variável da carteira da Fibra passou de 14% do patrimônio da fundação em 2014 para 7% em 2015. “Este ano estamos realizando operações táticas a conta gotas. Assim que o cenário se torna mais claro para uma classe de ativos, definiremos o que fazer com nossa carteira. Bolsa é um segmento que continuamos observando, mas ainda não achamos o melhor momento para retomar alocações”, diz. Investimentos no exterior, por outro lado, têm surpreendido positivamente.

O objetivo da estratégia é bater a meta atuarial deste ano, que está bastante pressionada pela inflação, que já ultrapassa o patamar de 8%. Conforme destaca Rangel, apenas as NTN-Bs estão conseguindo atender à demanda de rentabilidade dos planos das entidades atualmente, já que a meta atuarial é a soma do IPCA e da taxa de desconto pré-definida pela Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc).

No ano passado, a inflação elevada também prejudicou a meta da Fibra. A rentabilidade das carteiras em 2014 ficou em 11,08%, contra uma meta de 12,26%. “O que salvou a carteira de renda fixa, a única que superou a meta no ano passado, foram as NTNB-s antigas. Nenhum outro ativo conseguiu superar a inflação”, comenta. Os fundos de renda fixa encerraram 2014 com ganhos de 13%. Já a renda variável puxou a média para baixo. O patrimônio da Fundação Itaipu chegou a R$ 2,8 bilhões.

De acordo com Rangel, a necessidade de bater uma meta em 2015, somada a regras inadequadas de solvência, torna as fundações reticentes demais para diversificar. “Com as regras de solvência vigentes, as fundações são levadas a adotar como horizonte de investimento um período de curto prazo”, justifica Rangel.

De acordo com o executivo, que também preside a comissão temática da Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar (Abrapp) que trata da precificação e solvência dos planos, o prazo estipulado de três anos para equacionamento de déficits inferiores a 10% acaba se tornando o horizonte de investimento das fundações.

Novas regras – O ideal, de acordo com Rangel, é que as entidades trabalhem com um prazo de equacionamento alinhado à duração dos planos, visto que a marcação de ativos e passivos já segue esta lógica. “A Previc atendeu as sugestões do mercado, encabeçadas pela Abrapp, no que compete aos ativos e passivos. Hoje, as fundações podem alinhar suas marcações com as suas durations. É um cálculo personalizado, pautado na necessidade de casa plano. Faltou aprovar nova regulamentação para a solvência, media que estávamos esperando no ano passado”, destaca.

Em 2014, a Previc modificou as normas de marcação de ativos e passivos, mas não fez mudanças nas regras de solvência. A ideia da Abrapp era ter o “tripé regulatório” (ativo, passivo e solvência) renovado de maneira conjunta. “A Previc receia que o mercado atribua mudanças nas regras de solvência aos déficits que grandes fundações enfrentam hoje. Mas não podemos deixar um debate técnico se tornar político. As demais entidades não têm culpa do que está acontecendo com uma ou outra no sistema”, defende.

A expectativa é que a Previc aprove uma nova regra para equacionamento de déficit ainda este semestre. A Abrapp defende que prazo para equilíbrio do déficit esteja ligado à duração do passivo das entidades, assim como funciona a marcação de ativo e passivo atualmente.
“Temos apetite de longo prazo, mas os ativos de maior risco não estão batendo meta. Sem mudanças na regra de solvência, os planos ficarão conservadores demais com o atual cenário econômico”, destaca.

A duration do plano BD da Fibra é de 14 anos. Segundo a tabela da Previc, divulgada para o exercício de 2015, a taxa máxima de desconto que deverá ser utilizada pela fundação é de 5,76%.