BNP Paribas eleva projeção do IPCA para 9% e retração do PIB para...

13-03-2015  –  13:21:31

 

O BNP Paribas, que já estava mais pessimista que a média de seus pares do mercado em relação ao desempenho da atividade econômica do Brasil nos próximos meses, revisou suas projeções para pior. O ajuste em curso dos preços regulados, que já demorou para ocorrer, está fazendo a inflação subir como um “foguete”, pontua a equipe de análise econômica do banco francês, coordenada pelo economista-chefe Marcelo Carvalho, que lembra também que a depreciação do real contribui ainda mais para a elevação dos preços.

Diante disso, a projeção do BNP Paribas para o IPCA em 2015, que era de 8%, subiu para 9%. No último boletim Focus, os economistas ouvidos pelo Banco Central (BC) preveem que a inflação encerre o ano em 7,77%, ante 7,47% na semana anterior. Com a inflação mais alta, a estimativa do BNP Paribas para a Selic no final do ano passou de 13%, em linha com o Focus, para 14%.

A Selic mais alta, por sua vez, irá impactar negativamente na frágil performance projetada para o PIB, com consequente deterioração das contas fiscais, na visão do banco. Para o PIB, o BNP Paribas revisou sua projeção para retração de 2% em 2015, ante a queda de 1% prevista anteriormente. No Focus, a queda está prevista para 0,66% até o momento.

E para o câmbio, a aposta do BNP Paribas é que o real encerre o ano em R$ 3,20, ante a projeção anterior de R$ 3,00, “mas com o risco de a moeda atingir R$ 3,45 durante o ano”. Para 2016, a estimativa passou de R$ 3,20 para R$ 3,40. Hoje o real opera na casa dos R$ 3,25.

Os economistas do banco destacam três fatores domésticos que tendem a piorar a situação – a postura mais austera da nova equipe econômica e suas consequências de curto prazo na economia, o risco crescente de racionamento de água e de eletricidade no decorrer do ano, e os impactos do escândalo da Petrobras.

“O ajuste fiscal vai reduzir o investimento governamental, enquanto o aumento do desemprego, o aperto no crédito, e a queda livre na confiança do consumidor, vão diminuir os investimentos do setor privado. Em termos de investimento, a confiança dos investidores está abaixo dos níveis verificados durante a crise de 2008”, escreve a equipe do BNP Paribas. “No Brasil, a economia imita o Sudoku. As autoridades estão tendo dificuldades para conseguir fazer os números se encaixarem”.