Edição 226
A fusão entre Itaú e Unibanco, ocorrida em novembro de 2008, parece ter aguçado no banco o gosto pelas guerras de conquista. A primeira vitória foi tirar do Bradesco a medalha de maior banco privado do País por total de ativos, que era mantida na instituição identificada pela arvorezinha estilizada há 57 anos. Depois disso, a busca pela liderança, seja em grandes segmentos ou em mercado de nicho, parece ter virado um objetivo estratégico do banco comandado pelas famílias Setúbal e Moreira Salles.
O mais novo campo de batalha do Itaú Unibanco encontra-se no mercado de ETFs (Exchange Traded Funds), um fundo de índice cujas cotas são negociadas diretamente em bolsas como se fossem ações. O primeiro ETF foi criado no Brasil em 2004 pelo BNDES, sob o nome de PIBB11 (Índice Brasil Bovespa), usando como referência o índice IBrX-50. A administração desse ETF ficou com o Itaú, que apesar do pioneirismo não desenvolveu outros produtos desse tipo nos anos seguintes. Coube à BlackRock, gestora norte-americana que lidera esse segmento no mercado mundial, trazer uma nova dinâmica a esse mercado no Brasil, começando há cerca de três anos a estruturação de uma família de fundos que passou a ser conhecida pela marca iShares. Atualmente, seis ETFs compõem a iShares, referenciados no índices Ibovespa, IBrX-110, de MidLarge Cap, de Small Cap, do setor imobiliário e de setor de consumo. Em pouco tempo, a BlackRock ganhou visibilidade e passou a ser a principal referência do segmento, com os seus ETFs alcançando na BM&FBovespa um giro bem maior do que o do Itaú Unibanco.
Os volumes negociados pelos iShares somaram R$ 6,10 bilhões em 2010, contra R$ 1,01 bilhão do PIBB11. No primeiro trimestre deste ano, os ETFs da BlackRock giraram R$ 2,29 bilhões frente a R$ 191,15 milhões do fundo do Itaú. Apesar disso, seu patrimônio líquido ainda é menor, somando R$ 1 bilhão nos seis fundos de índice contra os R$ 2 bilhões do PIBB11. A diferença esplica-se pela antiguidade do PIBB, que existe desde 2004, enquanto o ETF mais antigo da BlackRock tem pouco menos de três anos.
A disputa por esse mercado, no entanto, não está no seu tamanho ou giro atual, mas no que ele deve representar no futuro. Atualmente, a participação dos ETFs no segmento Bovespa é de 0,4% do giro total, com uma média diária de R$ 6,8 bilhões nos primeiros meses de 2011. Nos Estados Unidos, os ETFs giram 23,8% de todo o volume negociado na Nyse. Na Mexican Exchange, a bolsa mexicana, o giro chega a 70,1%, e na Euronext a 7,4%. Isso é o que aguçou os apetites.
Em agosto do ano passado, o Itaú Unibanco disputou e venceu a concorrência da BM&FBovespa para coordenar um ETF do setor financeiro, lançando no início deste ano o ETF-IFNC. Em março último, participando de mais uma concorrência da BM&FBovespa, dessa vez para operar os índices de Sustentabilidade Empresarial (ISE) e de Governança Corporativa Trade (IGCT), o Itaú Unibanco venceu novamente e aguarda a aprovação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para lançar seus fundos referenciados nesses índice até o final do ano. Paralelamente, lançou a marca It Now, que servirá para abrigar sua família de fundos de índice, hoje com dois mas que passarão a quatro no final do ano com a aprovação dos dois novos pela CVM.
Para Diego Mora, chefe de relações com segmento de institucionais da BlackRock, a gestora pretende continuar crescendo apesar da inesperada concorrência. Segundo ele, a arquitetura de negociação dos produtos é o que diferencia as duas empresas. “No Brasil, somos 100% focados no desenvolvimento de ETFs, visamos não apenas o patrimônio dos fundos mas também os mercados secundários”, argumenta. Por isso,