Edição 195
Tomada de posições com base em pesquisas faz a diferença na gestão dos fundos multimercados no período
Apesar de os últimos 12 meses não terem sido positivos para os multimercados, houve aqueles que tiveram bom desempenho no período.
É o caso dos geridos pelo Modal que, por ter antecipado o movimento de alta da inflação e dos juros, conseguiu tomar o lugar do UBS Pactual, que estava na liderança no último ranking da Investidor Institucional, referente aos 12 meses anteriores a 31 de dezembro de 2007. Três dos fundos do Modal considerados excelentes são os chamados fundos macro – Modal Institucional FI Multimercado, Modal Eagle FI Multimercado e Modal Eagle 60 FI Multimercado – e operam ativos como dólar e bolsa, além de renda fixa. “Todos seguem a mesma linha, com alavancagens diferentes”, explica Alexandre Póvoa, diretor do Modal Asset Management. No caso dos fundos macro, o que permitiu o bom desempenho foi a projeção acertada de aceleração da inflação e de retomada da alta dos juros, assinala Póvoa. “O mercado vinha de um momento muito positivo, mas, no primeiro semestre do ano passado, identificamos uma aceleração dos preços e compramos ativos atrelados ao IGP-M”, comenta.
Em relação à Bolsa, ele explica que a alta registrada antes da crise subprime vinha sendo apoiada nas ações de Vale e Petrobras, enquanto papéis de segunda e terceira linha já apresentavam quedas. “Mapeamos essas ações menores ligadas à economia local que poderiam trazer ganhos após o investment grade, concedido em abril.” O estudo de mercado também foi fundamental para o bom desempenho do long & short Modal Arbitragem Phoenix FI Multimercado. No segundo semestre de 2007, a maior concentração estava em empresas de commodities e, a partir do segundo trimestre de 2008, passou a ser no mercado local. “Temos em carteira de dez a 15 pares de ações e não fazemos uma estratégia direcional, ou seja, atuamos neutros”, diz Póvoa.
A Unibanco Asset Management (UAM), que ficou em sexto lugar no ranking e teve dois fundos considerados excelentes, também atribui à pesquisa de mercado o bom desempenho dos produtos no período, segundo Ronaldo Patah, diretor de renda variável e multimercados. “O foco para a compra de ações consiste em aliar papéis de empresas com bons fundamentos e, ao mesmo tempo, ações que estejam baratas”, explica. O posicionamento setorial também foi importante para a obtenção de rentabilidade. “Nós não estávamos tão expostos em commodities quando os preços começaram a cair, porque de fato já tínhamos percebido que os patamares estavam muito elevados.” Outra estratégia adotada, nesse caso pela Alfa Asset Management, foi intensificar o giro diário de posições, segundo Fábio Alberto Amorosino, diretor de asset management do banco Alfa. Ele explica que desde o início da crise externa a equipe do Alfa entendeu que se tratava de um movimento de longo prazo. “Intensificamos o day trade no índice futuro Bovespa e DI. A idéia foi dormir sem posição direcional para entrarmos nos gaps do dia seguinte”, salienta. As posições pré-fixadas foram zeradas, e a gestora se concentrou no curtíssimo prazo. Na opinião de André Paes, diretor de produtos e estratégia da Infinity, o cliente institucional – até então animado com o bom desempenho dos multimercados – colocou o pé no freio. “Nesse cenário, fundos mais conservadores como os nossos ganham espaço”, diz. A gestora decidiu manter a linha conservadora. “Normalmente não atuamos com operações direcionadas, mas com arbitragem de curvas”. Dois novos fundos foram lançados pela gestora recentemente: o Infinity Lotus FRF (renda fixa) e o Infinity Selection FIA (renda variável). Ambos têm como público alvo o institucional.