Serpros estreia em FIP dedicado a energia | Fundação investe em f...

Edição 224

 

O Serpros – Fundo Multipatrocinado acaba de fazer sua estreia no mundo dos Fundos de Investimento em Participações (FIPs). O veículo eleito para o ingresso da entidade fechada de previdência complementar em uma nova classe de ativos é o FIP Ático Geração de Energia, gerido pela Ático.
De acordo com Luiz Augusto Britto de Macedo, diretor de investimentos da fundação, a análise técnica realizada pela equipe de investimentos da entidade recomendou a aplicação neste FIP “considerando a consistência do seu modelo estrutural e, é lógico, a meta de rentabilidade, dentre outros fatores positivos”. Ricardo Junqueira, sócio diretor da Ático, informa que o produto tem meta de retorno de IPCA+10,5% ao ano.
Macedo, do Serpros, aponta que o setor de energia é bastante atrativo para receber investimentos de longo prazo. “O crescimento do Brasil leva a uma demanda crescente por energia. O setor é regulado de forma clara e eficiente e seu modelo de precificação permite a identificação de retornos atrativos sobre os investimentos”, opina o diretor. Ele afirma que o Sepros destinou 0,8% de seus recursos garantidores para o FIP em questão. Indagado sobre a possibilidade de a entidade ampliar sua exposição a esta classe de ativos, Macedo resume que, neste ano, tudo “vai depender da evolução da taxa de juros dos ativos tradicionais, bem como da percepção de novas oportunidades nesse segmento”. Um relatório do Serpros referente a dezembro do ano passado dá conta de que o total de recursos garantidores da entidade era de R$ 2,93 bilhões.
O mesmo documento mostra a seguinte divisão entre as classes de ativos no consolidado global dos investimentos: 84,3% em renda fixa, 12,1% em renda variável, 1,5% em imóveis, 1,4% em empréstimos e financiamentos aos participantes e 0,8% em investimentos estruturados, segmento em que, segundo a Resolução número 3.792 do Conselho Monetário Nacional (CMN), os FIPs estão classificados.
Outra entidade cotista do fundo é a Eletra – Fundação Celg de Seguros e Previdência. Ao contrário do que ocorre com o Serpros, esse não é o primeiro investimento da fundação em FIPs. A Eletra aplica no segmento desde 2008, dedicando atualmente a ele cerca de 5% do seu patrimônio de R$ 580 milhões. “Temos um FIP de alimentos, um da área imobiliária e outro do setor de energia, além do Ático”, detalha Sandro Belo, gerente de investimentos da Eletra. Ele aponta que a entidade prefere aplicar em FIPs que já contem com projetos prospectados e escolhidos, sem demora para o início de geração de receita. “O FIP Ático Geração de Energia é assim. E todos os investimentos passam pelo comitê, no qual temos assento. Indicamos um técnico da nossa patrocinadora para o comitê, mesmo porque a empresa é da área de energia”, afirma Belo, referindo- se à Celg – Companhia Energética de Goiás.

Estratégia – Em uma primeira fase de captação, no final do ano passado, o FIP Ático Geração de Energia levantou R$ 66 milhões junto a fundos de pensão. A ideia é que o FIP chegue a conquistar um patrimônio de R$ 600 milhões a partir do ingresso não só de outras fundações como cotistas, mas também de investidores estrangeiros. “Fundos internacionais oriundos dos Estados Unidos e de países europeus como a Espanha demonstraram interesse pelo produto”, adiantou Junqueira. A duração do FIP é de sete anos, sendo quatro de investimento e três de desinvestimento.
Junqueira conta que o FIP foi desenhado após mais de dois anos de estudos da equipe da Ática sobre o mercado de energia. A tática foi criar uma empresa chamada Bolt Energias SA, que investe em três frentes: energia convencional, energia renovável e comercialização de energia.
Hoje, os ativos que recebem os aportes já estão performados ou muito próximos disso, sendo capazes de já gerar caixa. “Em um segundo momento, o fundo tem como estratégia reinvestir este fluxo de caixa em projetos brown field e depois, já com uma forte geração de caixa desenvolver seus próprios projetos”, acrescenta Junqueira.
Segundo o sócio diretor da Ático, os dois anos de pesquisas foram destinados à análise de mais de 50 projetos, dos quais foram selecionados quatro como alvos de aquisição. “O tempo foi gasto também no desenvolvimento de parcerias e produtos para comercialização da energia”, diz o executivo, sem entrar em mais detalhes. A Ático é uma gestora de recursos independente que atua em três áreas. Além do segmento de private equity, a empresa também gere fundos multimercados e de ações, além de carteiras administradas. A companhia trabalha, ainda, no segmento imobiliário, com gestão de fundos imobiliários e de fundos de direitos creditórios imobiliários, utilizando projetos desenvolvidos in house.