Fundações e crescimento econômico

Edição 223

Ricardo Flores, presidente da Previ

A economia brasileira alcançou importantes avanços em seus indicadores nos últimos anos. A política macroeconômica baseada na tríade câmbio flutuante, superávit primário e política de juros com base em metas de inflação, aliada a um cenário de pujança econômica internacional observado até 2008, permitiu que o PIB apresentasse crescimento com índices inflacionários sob controle.
Na esfera social também foram observados avanços importantes. Houve aumento da renda dos trabalhadores e declínio do nível de desemprego.
Outro ponto que merece destaque são os programas de transferência de renda implementados pelo governo federal, cujo impacto sobre o consumo é bastante positivo e relevante.
As conquistas no âmbito social e econômico resultaram em aumento do poder aquisitivo das famílias, em especial nas regiões menos favorecidas economicamente. Milhares delas foram convidadas a participar de uma dinâmica de consumo, acessando bens e serviços antes inimagináveis. De acordo com a FGV, em 2014, pelo menos 72% da população pertencerá à classe C, em 2004 esse percentual era de 40%.
Impulsionado pela ampliação da oferta de crédito, o mercado interno desenvolveu um papel fundamental no crescimento recente da economia brasileira, tornando-se um dos principais atores por trás do crescimento do PIB nos últimos anos e pelos investimentos diretos.
A dinâmica do fluxo de investimentos no mundo também mudou e o Brasil é visto hoje como um destino seguro e com forte capacidade de atração de investidores estrangeiros, que acabam encontrando no nosso País e nas empresas brasileiras excelentes oportunidades para rentabilizar seus recursos.
À agenda natural de incremento da capacidade instalada de infraestrutura de um país em crescimento, soma-se um cronograma de eventos internacionais que acaba por consolidar uma trajetória positiva e consistente de expansão nesse setor. A Copa do Mundo no Brasil em 2014 e as Olimpíadas no Rio de Janeiro em 2016 fazem com que uma gama bastante significativa de setores da economia, que orbitam em torno do eixo infraestrutura, passem por um momento de forte expansão. É possível afirmar que o Brasil já vive a “Década da Infraestrutura”.
Esse cenário de crescimento econômico e social acaba por se traduzir em fortes oportunidades de investimento para os Fundos de Pensão. A nossa inserção nesse contexto é mais que fundamental. A missão de honrar compromissos de pagamentos de benefícios atuais e futuros a seus associados impõe aos fundos de pensão a busca contínua por investimentos com garantia de bons retornos no médio e longo prazos. Eu diria que o grande desafio hoje é escolher as melhores oportunidades entre as várias que se apresentam, uma vez que os recursos são finitos.
A competência dos técnicos que compõem os quadros dos Fundos de Pensão brasileiros tem que estar direcionada para essa busca de melhores oportunidades. Oportunidades essas que podem atender simultaneamente aos interesses dos Fundos de Pensão e do Brasil, de maneira inclusiva e não excludente, criando e alimentando um círculo virtuoso no qual os Fundos de Pensão exercem forte papel de indutores da economia brasileira e se beneficiam desse crescimento consistente do país.
Para tangibilizar a dimensão do papel dos Fundos de Pensão enquanto atores fundamentais na atual cena econômica nacional, somente a Previ detém patrimônio de R$ 146 bilhões, que representa cerca de 5% de Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, sem contar com os R$ 6 bilhões em benefícios pagos a aposentados e pensionistas que são injetados na economia a cada ano.
A atuação dos Fundos de Pensão enquanto indutores da economia nacional deve estar pautada por uma política de investimento responsável do ponto de vista social e ambiental. Essa é uma questão crucial que está diretamente ligada ao caráter de perenidade da atividade dos Fundos.
Investir sob a égide da responsabilidade sócio-ambiental é premissa básica para quem tem compromissos a honrar no longo prazo.