Edição 198
Depois de fechar uma parceria estratégica com a GAP Asset Management em julho deste ano, a Prudential, empresa americana que atua nos segmentos de seguros, previdência e investimentos, estuda lançar novos produtos para os fundos de pensão brasileiros. Apesar de não ter pressa em criar um novo portfólio, a companhia espera uma maior diversificação dos investimentos por parte das fundações do País nos próximos cinco anos com a queda da taxa básica de juros, avalia Glenwyn Baptist, chief investment officer da Prudential nos Estados Unidos.
Na parceria firmada em julho, a Prudential Financial, braço de investimentos da empresa americana, passou a deter 40% da GAP Asset Management, que conta com um patrimônio de R$ 4,6 bilhões no País. A empresa passa assim a atuar no Brasil no setor de gestão de recursos, já que sua operação no País até então limitava-se ao segmento de seguros. “Até o momento ainda não decidimos quais serão os produtos a serem oferecidos aos fundos de pensão brasileiros pela Prudential em parceria com a GAP. Estamos estudando as capacidades e funding já existentes. Olhamos para os programas nos Estados Unidos e em outros países, como Japão e Coréia, para conseguirmos chegar aos projetos ideais ao mercado brasileiro. A partir daí, criaremos uma linha de produtos”, afirmou Baptist durante o 29º Congresso Brasileiro de Fundos de Pensão, organizado pela Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar (Abrapp).
De acordo com Baptist, a idéia é trazer investidores estrangeiros para investir em ativos brasileiros assim como impulsionar investimentos dos fundos de pensão brasileiros no exterior. “Temos como objetivo trazer alguns dos produtos da Prudential existentes lá fora para o portfólio da GAP no Brasil. Também pretendemos levar produtos da GAP para os mercados internacionais”, afirma o executivo, completando que, por enquanto, ambas as empresas não têm pressa em concretizar todos os projetos, especialmente em meio a um momento de turbulência nos mercados financeiros globais.
Sobre o perfil de investimentos dos fundos de pensão brasileiros, Baptist afirma que deve haver mudanças nos próximos cinco a dez anos. “Acredito que os fundos do País, que atualmente investem seus recursos majoritariamente em renda fixa, vão mudar de foco nos próximos anos. Os investimentos dos fundos de pensão brasileiros hoje se assemelham muito com os fundos americanos nos anos 1980. Naquela época, as taxas de juros americanas estavam entre 14% e 15% ao ano, e a maior parte dos recursos estava na renda fixa”, comenta. Baptist lembra que, quando as taxas começaram a cair, a maior parte desses recursos foi transferida para o mercado de ações.
“Mas esse processo também foi parte de um ciclo. Atualmente, estamos vendo os americanos colocarem seu dinheiro de volta à renda fixa, porque não estão agüentando a volatilidade dos mercados de renda variável.
Minha expectativa é de que os fundos de pensão brasileiros também passem por um ciclo como esse. Possivelmente em cinco ou dez anos, já que é necessário muito tempo para que mudanças como essa ocorram”, diz Baptist, acrescentando que a diversificação dos investimentos não passará apenas por mais aportes no mercado de ações, como por todas as formas de aplicações alternativas, como o private equity, por exemplo. “Esses mercados não existiam nos Estados Unidos há 20 anos, e agora todo mundo quer investir neles. Acredito que o Brasil está agindo rápido para aproveitar esses investimentos, e isso deve continuar”.
Baptist acredita que a proposta da Secretaria de Previdência Complementar (SPC) de ampliar dos atuais 3% para 10% o limite de investimentos dos fundos de pensão no exterior é positiva. “Essa é uma tendência que muitos países pelo mundo estão adotando. O limite brasileiro é um dos mais baixos do mundo. No México, por exemplo, chega a 15%. Mas os fundos de pensão são investidores conservadores e, por isso, devem tomar riscos devagar”, salienta, completando que, nos Estados Unidos, os fundos de pensão têm de 17% a 20% de ativos investidos no exterior, nível que não é tão alto, já que o mercado de capitais americano é o maior do mundo. “Mas se você olhar para países como Japão e Reino Unido, os fundos têm de 30% a 40% dos ativos investidos internacionalmente. Então, o Brasil está entre os países com menos investimentos no exterior quando nos referimos aos fundos de pensão. Espero que haja um aumento, mas ele deverá ser devagar para que as pessoas percebam as vantagens desses investimentos”.