Pausa para tomar fôlego | Petros, o segundo maior fundo de pensão...

Edição 236

 

O fundo multipatrocinado da Petros, que conta com participantes de empresas do grupo Petrobras e de diversos instituidores, está começando um processo de reestruturação de suas áreas. Suas quatro diretorias (presidência, investimentos, seguridade e administrativa) estão passando por uma completa reformulação com o objetivo de preparar a fundação para o crescimento esperado para os próximos anos, impulsionado pelo desenvolvimento dos negócios do pré-sal. “Demos uma pausa na implantação de novos planos para nos preparar para um forte crescimento que deve ocorrer nos próximos anos”, diz Newton Carneiro da Cunha, diretor administrativo da Petros.

Desde 2006, a Petros já vem registrando forte aumento no número de planos e participantes. Com a entrada de novos instituidores e algumas patrocinadoras, o fundo de pensão passou de cerca de 94,7 mil participantes no final de 2006 para 150,7 mil até o encerramento do ano passado – alta de quase 60% em apenas cinco anos. Cabe lembrar que a Petros ficou muito tempo com número de participantes ao redor de 90 mil, quase todos limitados ao sistema Petrobras.

O número de planos também se multiplicou, chegando a 47 atualmente – 29 patrocinados e 18 instituídos. “Com a reestruturação das áreas, poderemos realizar análises mais criteriosas para incorporar novos planos de benefícios”, justifica Carlos Fernando Costa, diretor de investimentos da Petros. Os ativos do fundo de pensão chegaram a R$ 57,9 bilhões no fim do ano passado, o que o coloca como o segundo maior do Brasil, atrás apenas da Previ.

Basicamente, as mudanças na Petros têm a intenção de permitir que as diretorias de investimentos e de seguridade fiquem mais focadas em seus negócios principais. Por outro lado, a presidência, comandada por Luís Carlos Afonso, se tornará mais livre para os projetos e assuntos de importância mais estratégicos da fundação. “É um processo de racionalização das áreas, que permitirá que a presidência assuma questões mais estratégicas, enquanto que a diretoria de investimentos ficará mais liberada para acompanhar as participações em empresas e o trabalho dos gestores”, explica Costa.

A principal mudança ocorre, porém, na diretoria administrativa, que incorpora as funções de contabilidade, compliance, tecnologia da informação (TI) e controladoria. Por isso, passa a receber a denominação de diretoria administrativo-financeira. As funções financeiras, principalmente a contabilidade e a controladoria, que estavam espalhadas pelas diretorias de investimentos e seguridade, migram na forma de gerências para a área administrativo-financeira. “A diretoria administrativa será o pulmão da entidade, pois dará suporte aos negócios e decisões das outras áreas que formam a essência do negócio da Petros”, ilustra o diretor de investimentos.

Análise – O processo de reestruturação da Petros contou com o apoio de duas consultorias externas, a Hay Group e a McKinsey. A fundação encomendou os estudos que ficaram prontos no ano passado e passaram pela análise e aprovação do conselho deliberativo da entidade. “Percebemos que as funções estavam mal divididas entre as diretorias, sobrecarregando de tarefas cotidianas aquelas que deveriam estar mais focadas na expansão dos negócios da fundação”, reforça Newton Cunha. Por isso, a direção da Petros decidiu mudar o organograma e, para isso, contratou as consultorias para elaborar propostas para a mudança. “Vimos que tínhamos que limpar as diretorias de seguridade e investimentos para deixá-las mais livres para suas funções primordiais”, endossa o diretor administrativo.

Assim, a diretoria de seguridade vai se concentrar daqui em diante apenas nas questões relativas ao atendimento aos participantes, patrocinadoras, instituidores e de seus planos de benefícios. E um dos objetivos principais será a captação de novas patrocinadoras e instituidores. Desta forma, a seguridade focará apenas nas funções de análise atuarial, marketing e relações institucionais. Também continua com a ouvidoria e a auditoria de planos, como questões mais estratégicas de previdência.

A diretoria de seguridade é considerada como a área que detém o negócio principal do fundo de pensão, que é a previdência complementar. E como a fundação se abriu ao multipatrocínio nos últimos anos, uma das metas centrais tem sido a captação e criação de novos planos de benefícios. Porém, espera-se que daqui para a frente, a análise e a adesão de novas patrocinadoras e instituidores sejam realizadas de maneira mais criteriosa.

Um dos passos importantes dados pela Petros foi a unificação das patrocinadoras do sistema Petrobras em torno de um plano principal de Contribuição Variável (CV). Denominado Petros 2, o plano recebeu no ano passado a migração dos participantes e recursos da Transpetro, que tinha um plano do tipo Contribuição Definida (CD). Era a última patrocinadora do grupo Petrobras que ainda mantinha um plano diferenciado e não participava do Petros 2. “Com a incorporação da Transpetro, terminamos o processo de unificação dos planos do sistema”, diz o diretor administrativo. Mas, se por um lado houve o processo de unificação, por outro a Petros precisou se desdobrar para cuidar de diversos pequenos planos de benefícios, a maioria de instituidores, como associações de classe, cooperativas e sindicatos.

Uma das principais mudanças que envolve a reestruturação das áreas é a criação de uma contabilidade individualizada para cada plano de benefícios. A contabilidade vai ficar concentrada na diretoria administrativo-financeira, e seguirá as novas exigências da Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc). As novas regras fazem parte do Plano de Gestão Administrativa (PGA) instituído pela superintendência no fim de 2011. “Estamos em processo de segregação de cada plano nas questões de contabilidade e despesas. O novo sistema permitirá um melhor mapeamento de cada um dos planos que administramos atualmente”, adianta o diretor administrativo-financeiro.

Outras funções importantes, que têm o caráter de suporte e que foram incorporadas à diretoria administrativa, foram as de compliance e controladoria. O compliance vai checar os processos e procedimentos legais das demais áreas e suas diretrizes estratégicas. Até agora, a função estava dispersa entre as diretorias de seguridade e investimentos, mas daqui em diante ficará concentrada na área administrativo-financeira. Desta forma, essa diretoria fica composta por quatro gerências, as de recursos humanos e administrativo (acrescida das tarefas financeiras), que já estavam anteriormente, e duas novas, uma de TI e outra de compliance e processos.

Fila de espera – Enquanto não se implementa o novo organograma e a nova estrutura de contabilidade individualizada, a tendência é que a incorporação de novos planos de benefícios, fique em compasso de espera. As exceções são de patrocinadoras do próprio sistema Petrobras e de uma migração, da TAP Manutenção e Engenharia, que está vindo do Aerus. “Temos outros cinco ou seis planos que já decidiram aderir à Petros que vão ter que esperar alguns meses para começar a funcionar”, revela Cunha.

O processo de reestruturação da Petros deve tomar até o final de 2012 para ser concluído. Porém, a adesão de novas patrocinadoras e instituidores deve reabrir até o final do primeiro semestre do ano. “Acredito que vamos continuar crescendo rapidamente, mas para isso, é necessário fazer um processo de limpeza e racionalização interna”, explica o diretor administrativo da Petros.

Se na questão de planos de benefícios ainda é possível pedir para os novos clientes aguardarem algum tempo, na área de investimentos os negócios não param e seguem em ritmo acelerado. Com as mudanças no organograma, a diretoria de investimentos terá maior capacidade de focar em uma função que vem crescendo nos últimos anos, que é a participação em empresas.

A Petros está reduzindo de forma consistente as aplicações em fundos e títulos de renda fixa (leia mais nas páginas 58, 59 e 60), com o consequente aumento dos investimentos em Fundos de Investimento em Participações (FIPs) ou em participações diretas no capital de companhias, geralmente com direito a nomeação de conselheiros. Neste caso, a atuação da diretoria ficará centrada na análise de novos investimentos em empresas ou monitoramento das participações da carteira.

“É um trabalho importante, que envolve o acompanhamento das empresas. Em algumas delas, temos que decidir pelo aumento da participação para novos projetos, como por exemplo, na Invepar”, aponta Carlos Costa. O diretor da Petros se refere à participação no leilão do aeroporto internacional de Guarulhos, em São Paulo, em que o consórcio do qual a Invepar faz parte foi o vencedor.