Edição 230
O comportamento da taxa de juros é um assunto recorrente entre os fundos de pensão. É quase consenso no segmento que a tendência é de queda nos juros no longo prazo, o que já faz com que as entidades comecem a pelo menos pensar seriamente em diversificar seus portfólios. Mas se por um lado o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central cortou a Selic em 0,50 ponto percentual, para 12% ao ano, em sua última reunião, por outro os preços continuam em alta no Brasil. Por isso, a pergunta que surge é se a redução nos juros é um movimento que veio para ficar ou se ainda ficaremos um bom tempo com as maiores taxa do mundo.
O tema será explorado no 32º Congresso Nacional dos Fundos de Pensão durante o painel “A nova realidade dos mercados frente aos desafios da política de investimentos dos fundos de pensão”, em que serão abordados assuntos como oportunidades, parcerias estratégicas, intercâmbio de expertise entre fundos de pensão e metodologia de seleção e gerenciamento de risco.
Um dos participantes do painel é Júlio Callegari, do JP Morgan. Ele conta que a ideia é debater o cenário econômico atual, especialmente sob o ponto de vista dos juros, e as estratégias de alocação que fazem mais sentido diante dele. “Vamos discutir até que ponto essa queda nos juros é estrutural e fundamentada ou se na realidade ela é apenas temporária”, diz o executivo. Será analisado ainda o caminho que os investidores devem tomar caso o cenário seja de fato de uma redução mais permanente das taxas – ou seja, quais as consequências dela sobre a carteira. “Isto forçaria o investidor a procurar outras oportunidades”, completa Callegari, informando que será abordado na palestra onde os aplicadores poderiam buscar um alpha maior. Ele aponta o mercado de crédito privado e as oportunidades fora do Brasil como alternativas nessa direção. “Vamos mostrar isso sempre destacando que existe um risco muito grande de na prática essa redução na taxa de juros não ser tão prolongada”, reforça Callegari. Nesse caso, a estratégia poderia implicar na busca por posições mais líquidas e com uma duration menor.
Para o executivo, ainda há muita incerteza em relação ao cenário, mas a queda nos juros se tornaria muito mais fundamentada se fosse promovida, por exemplo, uma redução maior nos gastos públicos. “Se por um lado existe uma indicação na linha de que a queda na taxa de juros é uma tendência, por outro falta uma série de fundamentos que sustentem isso”, pondera ele, ao lembrar que o salário mínimo terá uma alta significativa em 2012, o que acaba restringido a possibilidade de haver um grande ajuste estrutural de gastos. Vale recordar que, na proposta de orçamento enviada pelo governo ao Congresso Nacional, a estimativa de aumento do salário mínimo para 2012 é de 13,6%. Pela lei 12.382, assinada em fevereiro deste ano pela presidente Dilma Rousseff, até 2015 o índice de reajuste anual do salário mínimo será formado pela soma do INPC do ano anterior com o percentual de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de dois anos antes.
Bônus demográfico é tema de palestra
Os efeitos do aumento da idade média da população brasileira como variável de impulso ou freio no crescimento econômico das sociedades serão o assunto da palestra que Fernando Tendolini, superintendente de renda variável da SulAmérica Investimentos, fará no 32º Congresso Nacional dos Fundos de Pensão. Ele se apresentará na palestra técnica “Bônus demográfico – o amadurecimento da população brasileira: oportunidades na próxima década”.
No decorrer de sua explanação, o executivo mostrará as características do bônus demográfico, sua ocorrência no mundo e os efeitos que já podem ser observados no Brasil e que se estenderão até meados da próxima década. “O bônus demográfico que presenciamos agora significa, na prática, uma grande oportunidade para o País dar um salto no crescimento econômico”, comenta Tendolini.