A nova cara dos Correios | Depois de comandar a fundação multipat...

Edição 236

 

O novo presidente da fundação Postalis, dos Correios, é Antônio Carlos Conquista. Com atuação nas áreas administrativa e de investimentos da Petros até 2010 e uma rápida passagem pela GEAP no ano passado, Conquista assume o lugar de Alexei Predtechensky que saiu do Postalis após cumprir dois mandatos consecutivos nos últimos seis anos. “Queremos aproveitar a experiência acumulada na Petros para ampliar a área de novos negócios do Postalis. Temos o projeto de abrir o fundo de pensão ao multipatrocínio como fizemos no fundo da Petrobras”, revela Conquista.

O novo presidente do Postalis chegou ao sistema de fundos de pensão através da Cabesp, a Caixa de Assistência dos Funcionários do Banespa, banco no qual trabalhava juntamente com o atual presidente dos Correios, Wagner Pinheiro. Juntos eles participaram do projeto de criação do Banesprev, fundo de pensão do Banespa, nos anos 1990. Pinheiro tornou-se mais tarde diretor da entidade dos funcionários do Banespa, enquanto Conquista permaneceu na Cabesp, que era uma das patrocinadoras do plano de benefícios do fundo. Em 2003, ao ser indicado para a presidência da Petros, Pinheiro levaria Conquista com ele como chefe de gabinete.

Na presidência dos Correios desde o início do governo de Dilma Roussef, Pinheiro buscou uma pessoa de sua confiança para a direção da fundação patrocinada pela empresa que dirige. Com o fim do mandato de Predtechensky, a escolha acabou recaindo sobre Conquista. Na Petros, Conquista passou pela chefia de gabinete e depois pela gerência administrativa, onde cuidou da administração dos imóveis da fundação. Após deixar a Petros junto com Pinheiro no final de 2010, teve rápida passagem pelo fundo de pensão Geap e logo depois ocupou um cargo administrativo no Ministério da Pesca, na gestão da ministra Ideli Salvatti.

“Agora estou voltando para o ambiente em que tenho mais experiência. Claro que aproveitei minha experiência administrativa para os outros cargos pelos quais passei, mas minha principal experiência está concentrada no setor de fundos de pensão”, diz o diretor-presidente do Postalis. Junto com o novo presidente chega também Maria Auxiliadora Alves da Silva, para dirigir a área de novos negócios do Postalis. Ela também é ex-diretora do Banesprev.

Os demais membros da diretoria do Postalis continuam os mesmos. Na diretoria de seguridade permanece Sinecio Greve, e na diretoria financeira, Ricardo Oliveira Azevedo. Ele assumiu recentemente a área de investimentos do fundo de pensão, em razão do final do mandato do diretor anterior, Adilson Florência da Costa. Funcionário do Postalis há 15 anos, Azevedo ocupava anteriormente o cargo de gerente patrimonial da entidade.

 Multipatrocínio – Um dos principais projetos da nova direção do Postalis é a abertura da entidade ao multipatrocínio. “Vimos que na Petros foi possível agregar novas patrocinadoras e instituidores sem prejudicar os planos já existentes. Hoje a regulamentação induz a segregação dos planos de benefícios e seus recursos”, explica o diretor-presidente do fundo dos Correios. Uma das vantagens propiciadas pelo mutipatrocínio é a renovação da massa de participantes e o aumento da escala de recursos. “Acaba gerando benefícios para todos os planos, sejam eles antigos ou novos, pois ocorre uma redução dos custos administrativos”, argumenta.

O projeto, porém, não terá uma aplicação imediata. Segundo o dirigente, é necessário “colocar a casa em ordem” antes de sair a mercado. Ele acredita que a gestão anterior vinha realizando um bom trabalho, com alto grau de profissionalismo, mas que existem pendências passadas que ainda não foram solucionadas. Uma delas é uma dívida da patrocinadora para o saldamento do plano de Benefício Definido (BD). Estima-se que seja necessário um aporte da ordem de R$ 1,5 bilhão para o chamado “saldamento do serviço passado”. O fundo de pensão e a patrocinadora dependem de uma liberação de recursos do Tesouro Nacional para que isso aconteça.

No mandato do ex-diretor presidente do Postalis, Alexei Predtechensky foram cumpridas todas as exigências impostas pelo Tesouro para que os recursos fossem liberados. Agora o órgão da Fazenda está analisando se há mais alguma pendência antes de liberar os recursos, que se somariam ao patrimônio da fundação, que está na casa de R$ 6,7 bilhões, segundo dados da Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar (Abrapp) referentes a dezembro de 2011. Espera-se que os recursos do pagamento da dívida com os Correios comecem a entrar ainda em 2012.

Outro aspecto que a nova diretoria pretende melhorar é o desempenho dos investimentos. O Postalis não conseguiu bater a meta atuarial nos últimos dois anos. Foram anos difíceis para os fundos de pensão, com o fraco desempenho da Bolsa e a tendência de corte nos juros. Porém, o novo diretor-presidente acredita que a fundação consiga voltar a bater a meta com alguns ajustes na alocação dos recursos. “Ainda estamos tomando pé da situação, mas sabemos que precisamos melhorar a rentabilidade, mas ao mesmo tempo sem nos expor a riscos muito altos”, aponta Conquista.

O dirigente acredita que a saída não passa necessariamente pelo aumento da diversificação dos investimentos. O Postalis já possui aplicações em praticamente todos os segmentos permitidos pela legislação, inclusive em investimentos estruturados (11,87% do patrimônio) e aplicações no exterior (5,12%), segundo informações do site da fundação (veja mais na tabela). Chama a atenção que no plano de Contribuição Variável (CV), a renda fixa represente quase 90% das aplicações, os empréstimos cerca de 10%, e não exista nada em renda variável.

“Temos dois ou três meses para nos adaptar e analisar os principais problemas, para depois buscar seu equacionamento no segundo semestre do ano”, prevê o diretor-presidente. Ele estima que, a partir de 2013, o Postalis estará em situação mais equilibrada, quando poderá pensar em sair a mercado para buscar patrocinadoras. “Primeiro queremos melhorar nossa imagem e depois vamos atrás de novas patrocinadoras e instituidores, em qualquer ramo de negócio, a exemplo do que fez a Petros nos últimos anos”, sinaliza. Ele considera que há um nicho de associações e sindicatos que podem se interessar em aderir a grandes fundos do setor público.