Edição 60
A primeira etapa será uma carteira de R$ 80 milhões, formada por ações
de pouca liquidez
A fundação Cesp, hoje patrocinada por sete empresas elétricas paulistas
resultantes da cisão da Cesp, CPFL e Eletropaulo, está prestes a terceirizar
uma parte significativa de sua carteira de renda variável. Com um
patrimônio em ações avaliado em cerca de R$ 800 milhões, a entidade
deve abrir concorrência nas próximas semanas, conta o novo diretor de
investimentos e patrimônio, Martin Glogowsky.
Até o fechamento dessa edição, ainda estavam sendo acertados os
detalhes finais para o processo de concorrência. De acordo com ele, a
idéia é dividir a carteira da fundação em três partes. Para uma delas,
formada por ações de baixa liquidez no valor de R$ 80 milhões, a decisão
de terceirizar já foi tomada. “Já chegamos à conclusão de que existe
gente no mercado mais especializada na gestão desses ativos”, explica.
Uma segunda parte, no valor aproximado de R$ 650 milhões, também
terá uma parcela colocada nas mãos do mercado. Ainda não está definido
de quanto será essa parcela, mas a idéia é que tenha gestão
compartilhada com a fundação. A parcela restante continuará sob gestão
interna. “Achamos que temos massa crítica para fazer uma boa
administração, dentro de casa. A administração interna também servirá
para avaliar o desempenho dos gestores externos”, acrescenta Glogowsky.
O benchmark para essa carteira será o IBX, embora o objetivo “não seja
perseguir o índice”, complementa ele.
A terceira parte da carteira, no valor de R$ 70 milhões, deverá ficar
indexada ao Ibovespa, porém a decisão final ainda não está tomada.
Também não está decidido se a administração será interna ou
terceirizada, afirma Glogowsky. “Várias decisões estão sendo tomadas
neste momento”.
Segundo ele, as alternativas ainda estão sendo analisadas pelos comitês
gestores das empresas patrocinadoras, compostos por representantes dos
empregados e das companhias.
Na carteira de renda fixa, que soma R$ 1,8 bilhão, já houve uma
terceirização de 74% pouco antes da entrada da CPMF. A transferência
desses recursos a terceiros foi feita por meio de fundos exclusivos e FACs.
No total, o fundo de pensão dos eletricitários paulistas tem nove
administradores de renda fixa.
Antes disso, esses recursos estavam aplicados em fundos mútuos, e o
resto em títulos públicos federais. A política de investir em fundos mútuos
foi mantida, só que agora as aplicações serão feitas através dos FACs.
O plano de investimentos da entidade prevê a terceirização total da renda
fixa nos próximos dois meses. “É mais ágil e menos oneroso para a
fundação fazer a administração da renda fixa em fundos. Além disso, nós
participamos dessa gestão, que é compartilhada”, complementa.
A nova diretoria da fundação Cesp, composta por profissionais vindos de
bancos e empresas privadas, deverá fazer outras mudanças no portfólio
de investimentos. Nos próximos meses, implantará um sistema de
controle de risco. “Estamos conversando com gente de alto nível para isso”.
Imóveis – A carteira imobiliária é o próximo alvo das reestruturações. De
acordo com Martin Glogowsky, até o final de julho será aberta uma
concorrência para contratação de uma empresa para avaliá-la, e sugerir
alterações. Além disso, está sendo contratado um gerente imobiliário para
operacionalizar o processo. “Estamos pensando, inclusive, em fazer
reavaliações em prazos inferiores aos três anos exigidos pela legislação,
para ter o valor desses ativos marcados a mercado, como se fala no
jargão do mercado financeiro”, adianta ele, um ex-executivo da tesouraria
do banco BBA Credtanstalt.
Fundação Cesp
Renda fixa – R$ 1,8 bilhão
Renda Variável – R$ 800 milhões
Imóveis – R$ 300 milhões