Edição 53
Fundação compra pós-fixado em busca de segurança e tem superávit de
25% das reservas
A Funterra, fundação da Companhia Imobiliária de Brasília, conseguiu um
superávit de R$ 1,3 milhão no ano passado por conta de aplicações em
títulos pós-fixados do governo feitas entre o final de 1997 e início de
1998. O superávit obtido pelo fundo de pensão da estatal do setor
imobiliário equivale a 24,9% das suas reservas de aposentadoria, explica
o superintendente da entidade, Jânio Fábio Machado Lessa.
Entre o final de 97 e início de 98, muitas fundações optaram por carregar
suas carteiras com títulos pré-fixados de longo prazo, acreditando que as
taxas de juros iriam cair. Mas a Funterra preferiu manter-se neutra nas
apostas. “Não achávamos que a crise fosse continuar, mas como era um
ano eleitoral optamos por ficar protegidos”, explica Lessa.
Assim, a Funterra atirou no que viu e acertou no que não viu. Entre o final
de 97 e janeiro de 98 aplicou cerca de 10% de seu patrimônio – de R$ 6
milhões na época – em títulos pós-fixados de longo prazo, que venceriam
no final do ano passado. Como os juros subiram depois da crise russa,
em setembro, a fundação beneficiou-se da alta.
Parte dos recursos investidos nesses títulos já vinha de outra estratégia
vencedora da fundação, que tinha investido no mercado acionário no final
de outubro de 97 para formar posição com ações que estavam sendo
negociadas por preços bastante abaixo do seu valor, em virtude da crise
asiática. A estratégia era desfazer-se dessas ações na primeira
alta. “Compramos só primeira linha, com o propósito certo de mudar no
fim do ano para títulos públicos federais”.
Este ano, a fundação poderá repetir a dose. Em dezembro de 98, utilizou
as sobras de caixa que obteve com contribuições dos participantes sobre o
13º salário para comprar títulos públicos cambiais. De acordo com o
superintendente, até dezembro esses títulos representavam R$ 1 milhão,
de um patrimônio total de R$ 7,5 milhões. “Ainda não apuramos os
lucros, porque esses títulos ainda não venceram”, diz. Os vencimentos,
segundo ele, começam a partir de meados do ano.
Três fundos – A acumulação de superávits é especialmente importante
para a Funterra por causa das características do seu plano, que é de
contribuição definida, mas garante uma rentabilidade mínima, de IGPM
mais 6%. O objetivo dessa pequena fundação, criada em 95 para 456
participantes, era ter um plano que atuarialmente garantisse uma
aposentadoria parecida com a do BD, mas desvinculado das oscilações de
salário e dos benefícios da Previdência Social.
Para garantir esse mínimo, a fundação constituiu três fundos atuariais,
que funcionam como um “colchão de segurança”. São eles: fundo de
oscilação de benefícios concedidos, fundo coletivo de desligamento, e o
fundo de óbito.
No fundo de oscilação de benefícios concedidos fica todo superávit que a
fundação obtenha, ou seja, é a diferença entre a rentabilidade e as
reservas necessárias ao pagamento das pensões e aposentadorias. Esse
fundo é o primeiro a ser acionado caso faltem recursos para garantir a
rentabilidade mínima no futuro.
O segundo deles é formado pelo dinheiro que fica na fundação quando
algum participante se desliga dela, que é referente às contribuições da
patrocinadora. “Mantivemos no nosso plano a regra de que, quando o
participante sai a parte da patrocinadora fica na fundação”, esclarece
Lessa. O terceiro fundo, de óbito, é formado pelas reservas de
participantes que morrem e não têm herdeiros.
“Quisemos montar um plano com características sociais”, acrescenta. “Se
não, não existiria diferença entre uma fundação e uma empresa de
previdência aberta”, conclui Lessa. No CD da Funterra, a segurança do
participante tem uma contrapartida. Mesmo que o resultado dos
investimentos seja excepcional, o benefício está limitado à média dos
salários dos últimos 12 meses. O teto, estabelecido pela lei 6.435 para os
planos BD, foi adotado pela fundação, informa o superintendente.
PERFIL DA FUNDAÇÃO
Patrocinadora – Cia Imobiliária de Brasília
Participantes ativos – 445
Aposentados por invalidez – 11
Patrimônio – R$ 7,5 milhões
Renda variável – 11,64%
Renda fixa – 88,34%
Fundos imobiliários para locação – 1,02%