Seguro dinâmico protegeu metade da carteira do Real Grandeza

Edição 24

A fundação Real Grandeza, de Furnas, conseguiu salvar R$ 12 milhões de
sua carteira de ações do revigorado ataque asiático às bolsas brasileiras

A fundação Real Grandeza, de Furnas, conseguiu salvar R$ 12 milhões de
sua carteira de ações do revigorado ataque asiático às bolsas brasileiras,
no final de outubro. O segredo foi um hedge feito com contratos futuros
do Ibovespa, conhecido também como seguro dinâmico, conta Wilson
Barcellos, gerente de investimentos do fundo. “Metade da nossa carteira
estava coberta com o seguro dinâmico”, comemora.
Embora o efeito sobre as carteiras seja mais do que considerável num
momento como esse, a técnica é relativamente simples. “O modelo
reproduz a compra de uma opção (de compra ou venda de ações) através
do índice futuro do Ibovespa”, explica Jair Ribeiro, que atualmente
trabalha no Eletros mas foi o responsável pela implantação do modelo no
Real Grandeza.
Segundo ele, ao tomar a decisão de usar o seguro dinâmico, a fundação
passa a ter que operar na BM&F todos os dias, comprando e vendendo
contratos futuros do Ibovespa. “O modelo é matemático, dá exatamente
o número de contratos que têm que ser comprados ou vendidos. Assim,
na baixa do mercado o modelo dá ordem de venda dos contratos futuros
e na alta, de recompra”, explica.
O prazo de duração desse seguro depende do planejamento de cada
fundo, por quanto tempo quer segurar sua carteira – ou parte dela, e
pode ser aumentado segundo as necessidades de cada momento.
Segundo Ribeiro, “a decisão é individual. Cada fundação tem que ver por
quanto tempo quer se defender, aumentar o prazo do seguro de acordo
às suas necessidades”.
Mas o custo para desfrutar dessa proteção da carteira é um pouco alto, de
cerca de 5% ao ano, proveniente do custo com as operações no mercado
futuro. “Quando o mercado caiu, por exemplo, esse custo seria
equivalente ao preço de compra de uma opção de venda”, compara
Ribeiro.
Segundo ele, esse modelo, cujo nome original é portfólio insurance, foi
muito usado nos Estados Unidos até a década passada, quando foi
adotado o circuit break para substituí-lo. É baseado na teoria de Black &
Scholes, cuja tese sobre risco de derivativos recebeu um Prêmio Nobel
esse ano. Na Europa, ainda é bastante utilizado e no Brasil começou a
chegar nos anos 90.
Na opinião de alguns especialistas de fundações, o uso do portfólio
insurance começou a ser substituído, nos últimos anos, por modelos de
asset alocation (alocação de ativos), mais agressivos e que permitem
maiores ganhos com boa mensuração dos riscos. Além disso, o custo do
asset alocation é bem menor.
Outro problema apontado por esses especialistas é que nem sempre há
liquidez suficiente no mercado futuro para operar com o portfólio
insurance. Mas, em momentos como o vivido na última semana de
outubro, o modelo volta a ter o seu charme, concordam.