Pluricorp securitiza créditos imobiliários

Edição 2

A Pluricorp e a JC Empreendimentos lançam nas próximas semanas um
lote de seis mil debêntures com lastro em créditos imobiliários

A Pluricorp e a JC Empreendimentos lançam nas próximas semanas um
lote de seis mil debêntures com lastro em créditos imobiliários e que
devem captar recursos da ordem de US$ 60 milhões. Segundo Wladimir
Rioli, presidente da Pluricorp, esses papéis vão ser direcionados
preferencialmente aos investidores institucionais (fundações, seguradoras
e fundos de investimento).
Os papéis terão prazo de seis anos, com amortizações mensais,
remuneração ao redor de 15% ao ano (12% de taxa de juros e 3% de
prêmio) corrigidos pelo IGP e serão emitidos por uma Sociedade de
Propósito Específico (SPE) constituída pela Pluricorp e pela JC. O Itaú será
o banco administrador e o agente fiduciário será a Oliveira Trust. De
acordo com Rioli, as conversas preliminares com representantes de alguns
dos principais fundos de pensão foram fundamentais para a formatação
do produto.

Alavanca – Trata-se de uma operação de securitização de recebíveis, na
qual a SPE comprará os créditos de um “pool” formado por 16 construtoras
que servirão de lastro para a emissão das debêntures. Com os recursos
captados pela venda de parte das prestações dos compradores de seus
imóveis (mais de 70, todos já prontos para a entrega), as empresas
podem alavancar novos empreendimentos.
“É uma forma de estimular o setor habitacional, que se ressente da falta
de funding e, para o investidor institucional, é uma aplicação rentável e
segura”, afirma Rioli. “Foram selecionados três mil compradores, todos
com grau de inadimplência zero”, garante. Caso algum desses
prestamistas deixe de pagar, será imediatamente substituído por outro,
sem prejuízo aos investidores. A participação de várias construtoras
assegura a diluição do risco e, além disso, todos os imóveis envolvidos no
negócio já estão com o habite-se emitido, uma proteção aos
debenturistas em caso de quebra de uma delas, afirma Rioli.
Como atrativo adicional, a operação está sendo avaliada pela SR Rating
empresa de classificação de risco. Segundo Rioli, a nota obtida
determinará a taxa de juros a ser oferecida ao mercado. “Acreditamos que
o negócio será classificado com 3 B, por isso estimamos juros ao redor de
15%”, afirma. De acordo com a diretora executiva da SR, Sheila Gaul, a
análise está em sua fase final e a pontuação deve sair em 10 dias. Ela
contou também que o lançamento da Pluricorp deverá ser o primeiro
nessa linha a receber o “rating”, mas que existem outros em exame pela
empresa.
Segundo Rioli, esta é a primeira emissão pública de recebíveis de créditos
imobiliários realizada no País. As duas securitizações anteriores foram de
caráter privado, uma feita pela Encol Truste e outra pela Rossi Trust. “O
registro na CVM, obrigatório no caso de emissão pública, é outra garantia
ao investidor e, além disso, como a emissora é uma empresa de capital
aberto, as cotas poderão ser negociadas em bolsa ou no mercado de
balcão”, acrescenta. A operação em curso difere da conhecida
securitização de negócio com base imobiliária, cujo lastro é um bem
imóvel (shopping center, hotel, hospital etc). Destas, já foram efetuadas
19 nos últimos quatro anos.