Dinheiro para GM deve sair até o final do mês

Edição 2

A entrada de R$ 40 milhões dos fundos de pensão na Gazeta Mercantil
deve ser decidido até o final de outubro

A entrada de R$ 40 milhões dos fundos de pensão na Gazeta Mercantil
deve ser decidido até o final de outubro, garantiu o diretor da Previ, Fábio
de Paula. Segundo ele, um dos pontos mais complicados da negociação é
a intenção da Gazeta Mercantil de captar os recursos com a emissão de
debêntures não conversíveis em ações.
As debêntures não conversíveis são apenas um papel de renda fixa, não
dando aos fundos participação nas decisões do jornal. Sem poder influir
nas decisões do jornal – o que incluiria a definição de um programa de
reestruturação da empresa – os fundos não se animam a aportar novos
recursos além dos R$ 20 milhões colocados há mais de um ano. “Por lei
não podemos ter ações ordinárias de empresas de comunicação, e por
isso a Gazeta quer fazer a captação com debêntures não conversíveis,
mas esse ponto ainda não está decidido tecnicamente”, disse de Paula.

Voto – A Previ participa do negócio com um terço dos recursos, o outro
terço é da Sistel e o último terço é diluído entre vários fundos. É a mesma
estrutura que já aportou os R$ 20 milhões, que representam 16% do
capital total da Gazeta, em ações preferenciais (sem direito a voto). No
novo aporte, a intenção dos fundos é ganhar direito a voto. “As
negociações ainda devem durar uns 20 dias”, informou o diretor da Previ.
Ele desmentiu versões que circulavam pelo mercado dando como certa a
divulgação do acordo e do nome do novo administrador do jornal, que terá
a incumbência de reestruturá-lo, no dia 10 de outubro.

Dívidas – O presidente da Gazeta Mercantil, Luiz Fernando Ferreira Levy,
disse que as negociações “caminham muito bem” e que “até o final do
mês o negócio deve ser fechado”. Para Levy, parte significativa do novo
aporte será usada no pagamento das dívidas do jornal, que
comprometem seus resultados. Apenas no primeiro semestre deste ano, a
Gazeta Mercantil teve R$ 11 milhões em despesas financeiras, obtendo
ainda assim um lucro de R$ 550 mil. “Se não tivéssemos essa despesa
financeira, nosso lucro seria de R$ 11,5 milhões no semestre”, disse Levy.
Levy confirmou o nome de Antônio Maciel, atual presidente da Cecrisa,
como um dos nomes cotados para assumir a direção do jornal. O nome de
Maciel, com passagem pelo governo federal onde ocupou o posto de
secretário executivo do Ministério da Indústria e Comércio, é bem aceito
pelos fundos. Ele conseguiu reestruturar a Cecrisa, empresa fabricante de
azulejos de Santa Catarina, trocando sua dívida com os bancos por
participação acionária.
“Considero que finalizei uma etapa do meu trabalho na Cecrisa, agora ela
está saneada e preparada para crescer”, afirmou Maciel. Ele disse que já
manteve várias reuniões com o presidente da Gazeta Mercantil,
mas “ainda não há nada formalizado, para valer”.