Edição 186
Fundação da Volks quer incluir ações do Novo Mercado e Nível 2 em seus
fundos exclusivos, enquanto na renda fixa investirá em FIDCs e em
certificados de recebíveis imobiliários
A Volkswagen Previdência Privada (VWPP) prepara mudanças sutis em sua
carteira de investimentos, porém carregadas de significado para uma
fundação com estratégia bem conservadora, a ponto de nunca ter
realizado operações de empréstimos aos participantes e de manter uma
carteira de títulos do governo com prazo máximo de cinco anos. A VWPP
entra definitivamente numa fase de diversificação de seus investimentos,
mas manterá os limites atuais das carteiras de renda fixa e de renda
variável, em 80% e 20% respectivamente. “Vamos continuar pisando em
chão firme. Entendemos que o País caminha mesmo para o grau de
investimento e os juros devem continuar caindo. Mas a entidade tem
condições de fazer alterações na política de investimento de forma
pausada e cautelosa”, afirma o diretor de investimento, Luiz Paulo
Brasizza.
Além de Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs) e
certificados de recebíveis imobiliários (CRIs), a VWPP planeja incluir em
sua carteira, no próximo ano, ações de empresas do Nível 2 e do Novo
Mercado, dos quais os investidores institucionais mais conservadores
costumam ficar afastados. Mas ainda não vai aplicar em multimercados
agressivos. Hoje, as aplicações em ações da fundação estão restritas a
papéis que fazem parte do Ibovespa ou do IBX-50. “Com a diversificação
da carteira para as ações do Novo Mercado e do Nível 2, poderemos
investir em empresas que estão se lançando na bolsa e podem trazer
boas oportunidades de ganho no médio e longo prazo”, comenta o diretor
de investimento da fundação.
A idéia, segundo ele, é investir em ações de empresas com boas práticas
de governança corporativa, mesmo que não façam parte do Ibovespa ou
do IBX-50. Dos 20% da renda variável, apenas dois pontos percentuais
irão para ações do Novo Mercado e Nível 2. Já é um grande passo,
considerando que só recentemente a fundação aumentou de 12% para
20% o percentual da renda variável. “O aumento já havia sido aprovado e
em agosto aproveitamos a baixa, provocada pelo stress nas bolsas de
valores, para aumentar as aplicações”, lembra Brasizza.
Em FIDCs, a fundação já deu o start-up mas ainda não definiu o percentual
dos investimentos. A primeira operação resumiu-se a R$ 670 mil em um
fundo baseado em recebíveis da carteira de crédito consignado do Banco
BMG. “Os investimentos em FIDCs vão crescer devagar e vão depender
muito da oferta no mercado. Não queremos arriscar em FIDCs de setores
sob o risco de apagão, por exemplo”, afirma o diretor.
Transparência do mercado – Com investimentos do seu plano de
aposentadoria que somam cerca de R$ 1,1 bilhão, distribuídos
integralmente em oito fundos exclusivos multimercados, a Volkswagen
Previdência Privada não vai alterar a estratégia de administração dos
títulos públicos, mesmo com a proximidade do investment grade. Num
momento em que muitas fundações buscam alongar suas carteiras de
títulos do governo, com marcação na curva, numa tentativa de garantir um
nível de rentabilidade razoável, a VWPP planeja manter o prazo de cinco
anos como máximo para os títulos do governo que tem em
carteira. “Todos esses títulos são marcados a mercado e não vamos
esticar o prazo agora porque o importante para nós é manter o risco de
volatilidade sob controle”, destaca o diretor da fundação.
Essa política de gestão dos investimentos em títulos do governo, com a
marcação a mercado, traz mais transparência ao processo, segundo
Brasizza, e tem muito a ver com a cultura da patrocinadora, que está mais
do que presente nas avaliações do Conselho Administrativo, composto por
profissionais de diferentes nacionalidades. Tanto que a apresentação da
política de investimento também tem uma versão em inglês, conta o
executivo.“Já estamos nos posicionando em renda variável e aumentando
a alocação em risco privado. Só vamos dilatar os prazos dos títulos,
quando os cinco anos não forem suficientes para atender nossas
necessidades ou se o governo sinalizar que vai parar de emitir títulos de
curto prazo”, acrescenta. “Mas, na marcação a mercado, não se pretende
mexer.”
Mudança da meta – Outra adequação que a VWPP fará a partir de janeiro,
diante dos novos fundamentos macroeconômicos e da tendência dos
juros, é a mudança da meta atuarial de 6% para 5% (mais INPC). De
janeiro a outubro, a rentabilidade acumulada dos investimentos ficou em
16,43%, o que equivale a 6,94 pontos acima da meta atuarial, informa o
diretor da fundação. Com os superávits que vem tendo nos últimos anos,
a VWPP também vai aproveitar para mudar a tábua atuarial de AT 83 para
AT 2000. Mas as mudanças todas não consumirão nem 30% dos cerca de
R$ 140 milhões de recursos que estão sobrando, segundo o executivo.
Conforme Brasizza, os bons resultados da fundação nos últimos exercícios
são resultado da decisão da patrocinadora, há pouco mais de seis anos,
de profissionalizar a fundação contratando pessoal exclusivo e investindo
na qualificação. “Hoje em dia, as regras de prudent-man já não são
suficientes”, diz ele, referindo-se a um padrão adotado em alguns
estados norte-americanos para os responsáveis pelos investimentos de
terceiros. “O aprimoramento técnico tem que ser constante e, por isso,
todo ano aumentamos os recursos para formação e qualificação do
pessoal”, completa o diretor. A equipe toda é formada por nove
funcionários, cedidos pela patrocinadora mas com dedicação full-time à
fundação, além de quatro terceirizados.
Números da VWPP
Patrimônio total: R$ 1,225 bilhão
Participantes ativos: 23.054
Participantes assistidos: 1.381
Participantes vinculados e mantidos: 2.974