Edição 179
Gestores especialistas de private equity e hedge funds ganham
visibilidade no mercado e buscam crescer vendendo participações
minoritárias às grandes casas financeiras
Pressionados pelo enorme sucesso da sua gestão e pela demanda vinda
dos investidores institucionais, gestores especialistas em fundos de
private equity e hedge fund estão se tornando full-fledged – companhias
de serviços financeiros.
Essa mudança requer uma sólida infra-estrutura – incluindo governo
corporativo, gerenciamento de risco, canais de distribuição,
desenvolvimento de produtos e planos de sucessão claramente definidos –
além de dinheiro. Muito dinheiro!
Como resultado, os executivos dessas empresas estão buscando novas
maneiras de acessar as fontes de capital, tanto privadas quanto públicas.
Entre essas alternativas para acessar fontes de capital, algumas têm
recorrido a vendas de participações para empresas maiores.
Dirigentes de bancos de investimentos dizem que esperam ver mais
hedge funds minoritários negociando a venda de participações minoritárias
para companhias de serviços financeiros de maior porte. Alguns acordos
visam assegurar capital para crescimento e ampliação dos canais de
distribuição, enquanto outros buscam assegurar uma fonte permanente de
capital.
Analistas dizem que essas companhias de serviços financeiros de maior
porte estão usando os gestores de private equity e hedge fund para
conferir maior importância às suas próprias operações. “Crescimento
rápido, altas taxas de administração e demanda crescente por capital
institutional de investimento – tudo isso está mudando a cara da
indústria”, diz Eric Weber, chefe de operação da Freman & Co. de Nova
York, um banco de investimento especializado em companhias de
gerenciamento de asset.
“Nos velhos tempos, gestores de asset não eram realmente vistos como
criadores de valor de longo prazo em equity. Eles eram mais parecidos
com representantes, que deveriam desaparecer quando o cliente se
aposentasse. A comunicação com o cliente era falha, assim como a due
diligence e a compliance. Mas isso tem mudado, os gestores tem
providenciado uma infra-estrutura mais robusta”, disse Weber.
Um recente acordo provocou uma mudança repentina, juntamente com a
demanda de investidores institucionais por fundos de private equity e
hedge fund: K2 Advisors vendeu uma participação minoritária para TA
Associates, de Boston. O K2 administra US$ 5,5 bilhões em hedge funds
of funds, em grande medida para clientes institucionais, enquanto o TA
administra US$ 10 bilhões em fundos de private equity para institucionais.
Os termos do acordo não foram revelados, mas David C. Saunders, um
dos fundadores da K2 disse que a entrada de capital deve auxiliar no
crescimento dos negócios da K2, para atender a maior demanda de
investidor institucional. “Eu acho que o mercado, em breve, irá se
diferenciar em hedge funds of funds pelo tamanho e capacidades. Nós
precisamos de capital para nos credenciar”, disse Saunders.
Expandindo o patrimônio – A entrada da TA irá fornecer aos fundadores da
K2 – que não pretendem se retirar agora – um pagamento que Saunders
não especificou. Também será usado para expandir o patrimônio da
companhia e para ampliar o número de funcionários, assim como para
atrair novos talentos e investir cerca de US$ 100 milhões em novas e
modernas estratégias, disse Saunders.
Outros acordos recentes de vendas de participações minoritárias incluem a
venda de 20% das ações da D. E. Shaw Group, gestora especialista em
quantitative hedge fund, para a Lehman Brothers Inc. de Nova York, e a
venda de parte da empresa de consultoria em private equity investment,
Aldus Equity, para o Deutsche Bank AG, de Frankfurt.
Enquanto os compradores de participações ganham acesso às estratégias
de investimento dos especialistas, os vendedores ganham não somente
capital, mas também uma imediata credibilidade por seus amplos e bem
estabelecidos parceiros estratégicos, diz Ted J. Gooden, parceiro de
Berkshire Capital Securities, um banco de investimento de Nova York
especializado em empresas de gerenciamento de capital.
Weber, da Freeman & Co, afirma que um novo e dinâmico modelo de
aquisições entrou em jogo quando os gestores de hedge fund começaram
a procurar fontes de novo capital para reforçar suas operações. Os hedge
funds têm repelido 100% do modelo de aquisição do passado e os
compradores têm estado dispostos a seguir o novo modelo, diz Weber.
“Os hedge funds querem preservar sua independência e o controle de
suas estratégias de investimento. Eles ganham mais rigor com a entrada
de sócios que introduzem algumas exigências de governança na empresa,
como conselho de diretores, auditoria regular e revisões. Este é um bom
ponto de venda para muitas empresas interessadas em gerenciar dinheiro
de clientes institucionais”, analisa Weber.