Saída do HSBC pode gerar concentração nas operações com clientes ...

09-06-2015  –  11:05:21

 

O comunicado do grupo HSBC de que vai vender suas operações no Brasil e Turquia, anunciado hoje, não foi uma surpresa para o mercado financeiro brasileiro. Há meses que o mercado, incluindo seus funcionários, especulava sobre isso, confidenciou à InvestidorOnline um executivo da área de gestão do grupo. “Mas embora não seja uma surpresa para ninguém, é sempre triste receber esse tipo de confirmação”, disse o executivo que pediu para manter seu nome em off.

Segundo ele, o principal problema da saída do HSBC não será para os clientes do varejo, mas para os clientes institucionais. Do ponto de vista do varejo não deve haver grandes mudanças pois alguma grande instituição, nacional ou estrangeira, deve assumir as operações sem maiores impactos para esse mercado. Tem se falado muito nos nomes do estrangeiro Santander e do nacional Bradesco como interessados. Mas outros devem estar correndo por fora, com certeza.

Porém, do ponto de vista dos clientes institucionais, a saída do HSBC acirra a concentração do mercado na área de gestão de recursos. Antes do HSBC já se retiraram do mercado brasileiro de gestão os estrangeiros Goldman Sachs, Banif e Mirae, além de várias instituições de médio porte que quebraram, como Cruzeiro do Sul, Panamericano e BVA, ou vêm sendo compradas como a Futura, a Legan e a Quest que foram adquiridas pelo grupo italiano Azimute e que devem, no médio prazo, se transformar numa operação única. Sem falar na mega fusão do Itaú com o Unibanco anunciada no final de 2008 e consolidada nos anos seguintes.

Para os investidores institucionais, que têm limites por gestor ditados pelo órgão regulador e também pelo seu comitê de investimentos, a compra do HSBC poderá gerar dificuldades. O HSBC tinha, ao final do ano passado R$ 91,12 bilhões sob gestão segundo o ranking Top Asset publicado pela revista Investidor Institucional, dos quais R$ 19,46 bilhões eram recursos de fundos de pensão. O Santander tinha na mesma época R$ 39,64 bilhões captados de fundos de pensão e a Bram R$ 38,30 bilhões.

Para muitos fundos de pensão com ativos sob gestão do HSBC, a compra da instituição pelo Santander ou Bradesco poderá causar superposição de carteiras e fazer com que os limites por gestor sejam ultrapassados, obrigando a uma operação de realocações. Mas, como diz o executivo da asset do HSBC, “agora é esperar pelo detalhamento da decisão anunciada hoje”.