05-06-2015 – 17:08:00
Após divulgar dia 9 de abril uma mudança na política de concessão do BNDES, que passa a ofertar um percentual maior de crédito TJLP às empresas que forem buscar parte do seu financiamento junto ao mercado de capitais, o banco de fomento anunciou nesta sexta-feira (5/6) detalhes da operação. E também que, após algumas adaptações internas de normas nas últimas semanas, já está pronto para começar a receber as consultas das companhias interessadas.
“Já começamos a prospecção no mercado, e temos no pipeline do banco 18 operações em análise”, disse Luciano Coutinho, presidente do BNDES, durante coletiva na sede da Anbima nesta manhã. Entre as companhias no pipeline, estão empresas agropecuárias, industriais, de insumos, e do setor de mineração e óleo e gás. “Essas operações implicariam um volume de R$ 3 bilhões de emisões de debêntures, considerando conservadoramente o mínimo”.
Pelas regras apresentadas hoje, as empresas elegíveis ao programa tem de ter faturamento anual de R$ 1 bilhão, com demanda de operações mínimas de R$ 200 milhões no BNDES. Em um exemplo hipotético apresentado pela autoridade, uma empresa que chegue ao BNDES com uma demanda de R$ 200 milhões terá a oportunidade de fazer uma emissão mínima de R$ 50 milhões de debêntures junto ao mercado. O piso foi estabelecido, mas não o teto, já que a a expectativa é que as empresas façam emissões acima desse valor. Se a empresa fizer a emissão no mercado, o volume com TJLP será de R$ 100 milhões, e se não fizer, terá a metade disso.
O presidente do BNDES acredita que no terceiro trimestre do ano, “outra vez sendo conservador”, essas emissões começem a acontecer. A estimativa é que, com o incentivo, a redução no custo de captação da empresa seja de 200 bps.
Além do incentivo com mais TJLP, Coutinho destacou que a diretriz adotada pelo banco desde o final do ano passado, de reduzir a sua participação máxima nos projetos de financiamento, será outro fator indutor para que as companhias busquem nova fontes de captação no mercado. Até dezembro de 2014, uma empresa do setor de insumos básicos teria uma cobertura de até 50% de TJLP, com 30% de caixa próprio e 20% via mercado. Atualmente, o percentual do BNDES está em 23%, com os mesmos 20% de caixa próprio, só que agora com 47% oriundos do mercado.
“A gente tem visto, e eu testemunhei quando estava no setor privado, que há uma grande demanda por crédito de longo prazo, à medida em que o problemas fiscais são enfrentados como começaram a ser enfrentados agora”, pontou Joaquim Levy, ministro da Fazenda. “Fundos de investimento querem comprar papéis de sete, dez anos. Fundos de pensão também tem demanda para isso. Até o investidor estrangeiro em alguns casos também quer, e em alguns casos particulares até o investidor individual”.
“Estamos passando de ações mais para o apoio da oferta do que para o apoio da demanda. Apenas estimular o crédito mais barato, depois de certo tempo o retorno é menos evidente”, afirmou Levy. “A decisão do investimento não é só necessariamente o quão barato, mas qual a perspectiva que estou vendo para a economia”.