10-02-2016 – 16:53:24
As incertezas do cenário global deveriam ter um impacto exarcebado nos preços dos ativos brasileiros, principalmente no câmbio, mas não é o que tem sido observado na região até o momento, diz Luis Stuhlberger, gestor do fundo Verde, no relatório de desempenho do fundo de janeiro. “Surpreende o fato de o Real ser uma das moedas de melhor performance no mundo em 2016”, escreve o gestor no documento. No acumulado do ano, até o último dia 5 de fevereiro, o real teve uma queda de 0,96% frente ao dólar, ante uma desvalorização de 48,6% da moeda brasileira ante a divisa americana no ano de 2015.
Stuhlberger acredita que o movimento cambial no início de 2016 se trata de um fenômeno temporário, ainda mais diante do patamar no qual se encontra a inflação brasileira, sistematicamente mais alta que a dos seus pares. “Temos aproveitado a volatilidade para aumentar a exposição do fundo comprada em dólar”, informa o gestor. Diante da evolução complexa do cenário global no início de 2016, com bastante turbulência, diz o relatório, as perdas do fundo se concentraram da exposição comprada em ações globais, enquanto a maior parte dos ganhos veio das posições em renda fixa doméstica, com a queda do juro real.
A falta de clareza sobre a evolução da economia global, pondera o documento do Verde, decorre da dúvida sobre o momento atual em que estamos; se o mundo caminha para uma nova recessão, ou se está apenas em um soluço para voltar a crescer logo adiante. Por um lado, apontam os gestores do fundo, o mundo de fato passa por um colapso das commodities, com aperto nas condições globais de crédito, deflação e recessão industrial, que podem empurrar os países desenvolvidos para uma recessão. Por outro lado, os especialistas lembram também que estamos vivendo talvez a maior transferência de renda da história, migrando dos países produtores de petróleo para os consumidores como um todo. “Tal processo deveria permitir um sustentado crescimento de consumo”, destaca o relatório do Verde.
Se a eventual resiliência do consumo ficar mais clara nos próximos seis meses, é “altamente provável” que o momento atual seja apenas um soluço temporário do crescimento, projetam os gestores do fundo, “exacerbado pelas costumeiras tendências bipolares do mercado.”. No entanto, os especialistas alertam que uma clareza maior sobre o tema só será possível daqui alguns meses, o que sinaliza maior volatilidade e incerteza no curto prazo.