15-09-2015 – 17:39:09
O pedido de licença até 30 de novembro do presidente do conselho de administração da Petrobras, Murilo Ferreira, informado em comunicado da companhia enviado ontem à CVM, pode ter, entre as possíveis razões, a posição contrária do executivo ao IPO da BR Distribuidora, opina Renato Chiodaro, sócio responsável pela área societária e de mercado de capitais no escritório De Vivo, Whitaker e Castro Advogados. “Isso passa ao mercado um recado muito negativo, no sentido de que a União exerce um poder muito grande na companhia e quer fazer prevalecer suas decisões”, diz o especialista. “O pedido de afastamento, sem explicações mais aprofundadas, torna ainda mais difícil a situação da Petrobras”.
Chidaro cita ainda um direcionamento maior de Ferreira, que também acumula a presidência da Vale, na administração da mineradora, como outra possível razão para o pedido de licenciamento. “Apesar dos esforços da Petrobras, a estrutura de governança ainda apresenta defeitos importantes, pois ao indicá-lo para ser eleito conselheiro em abril deste ano, a União deveria ter considerado essa possibilidade, e escolhido para suplente de Murilo alguém desvinculado da Vale”, pontua o advogado. No mesmo dia que informou a licença de Ferreira, seu suplente, Clóvis Torres Júnior, que é da área jurídica da Vale, também pediu afastamento pelo mesmo período. O posto será ocupado interinamente pelo conselheiro Luiz Nelson de Guedes Carvalho, presidente do comitê de auditoria da Petrobras.
O comunicado sucinto e sem explicações sobre o afastamento dos executivos, avalia Chiodaro, não foi bem recebido pelos investidores, que seguem sem informações sobre os mecanismos de governança que serão utilizados para amenizar os efeitos da ausência de Ferreira. “Uma boa estrutura de governança corporativa deve estar apta a conversar com os investidores, especialmente em momentos desafiadores, para que as dúvidas não custem uma degradação ainda maior do valor da companhia”.