20-05-2016 – 17:28:50
Em relatório sobre a estratégia de alocação no mercado acionário na América Latina, o Credit Suisse manteve sua posição ‘underweight’ (abaixo da média do mercado) no Brasil, e projetou o Ibovespa aos 50 mil pontos no final do ano, baseado na análise bottom-up de sua equipe. Melhorias relevantes no campo político, e no preço das commodities, foram fatores importantes que contribuiram para a valorização da bolsa brasileira nos últimos meses, destacam os analistas Andrew Campbell e Mariana Hernandes. Além disso, os especialistas dizem também que a equipe de macroeconomia do Credit Suisse adotou premissas econômicas menos pessimistas para o país. Eles citam a queda nos juros e no CDS do Brasil, à medida que melhoram as perspectivas para uma solução do quadro fiscal da região, e um risco menor de novas depreciações agudas do dólar frente ao real – o Credit Suisse prevê a taxa de câmbio do dólar a R$ 3,60 até o fim do ano.
“Apesar destes aspectos positivos, mantivemos nossa posição ‘underweight’ no Brasil em nosso portfólio de América Latina porque o valor do mercado já reflete a recuperação dos ganhos das empresas e a redução do risco soberano”. Os analistas do Credit Suisse lembram também que o nível da atividade na região tende a permanecer fraca em 2016; eles preveem uma queda do PIB de 3,8% e uma taxa de desemprego de 11,3% no fim do exercício. Campbell e Hernandes dizem ainda que a visão do Credit Suisse é menos otimista do que o consenso em relação à um corte na taxa Selic no curto prazo, dado a dinâmica inflacionária. “Além disso, a bolsa brasileira tem alta corelação com o minério de ferro, e nosso time de commodities está cautelosa com os preços da matéria prima”. Por fim, os especialistas afirmam também que a reforma fiscal irá enfrentar riscos em sua execução, e que um eventual aumento de impostos pode gerar impacto negativo para alguns setores.
O único setor no qual o Credit Suisse mantém uma exposição ‘overweight’ (acima da média do mercado) no mercado brasileiro de renda variável é no de agronegócio. Por outro lado, o banco suíço está ‘underweight’ em telecom, varejo, mineração, construção e bancos.