09-04-2015 – 14:42:53
A equipe de análise do Credit Suisse alterou sua recomendação para as ações dos três maiores bancos brasileiros – Itaú Unibanco, Bradesco e Banco do Brasil – de ‘outperform’ (performance acima da média) para neutra. E também cortou suas projeções de preço-alvo – do Itaú, em 4,8%, de R$ 42 para R$ 40; do Bradesco, em 2,3%, de R$ 35,80 para R$ 35,00; e do Banco do Brasil, em 6,9%, de R$ 29 para R$ 27.
Desde 21 de janeiro, data da última publicação da equipe do Credit Suisse sobre o setor, as ações dos bancos brasileiros tiveram a pior performance entre seus pares da América Latina, em dólares, já que a desvalorização do câmbio mais que compensou a boa performance dos ativos em termos locais – a ação do Itaú, em dólares, caiu 1%, a do Banco do Brasil recuou 4%, e a do Bradesco, 6%. Por outro lado, lidera o levantamento o papel do Santander do México, com alta de 17%, seguido pelo também mexicano Banorte (15%) e pelo Santander do Chile (15%).
O Credit Suisse destaca sua preferência pelo Bradesco e Itaú ante o Banco do Brasil, pelo fato do banco estatal, por sua menor rentabilidade e maior alavancagem operacional ante seus pares, ser mais vulnerável aos efeitos negativos do ambiente macroeconômico que tem se tornado mais desafiador. Entre Bradesco e Itaú, a equipe tem leve preferência pelo primeiro, por uma expectativa de crescimento maior da receita.
Provisionamento
Entre as razões para justificar as mudanças de classificação, os especialistas apontam a rápida deterioração nas expectativas de crescimento – o Credit Suisse projeta recessão de 1,3% do PIB brasileiro em 2015, com um crescimento de 0,8% em 2016, mas com potencial de ser revisado para baixo. Lembra ainda do desenrolar negativo do caso da Petrobras, que afeta toda a cadeia de abastecimento, se traduz em um ambiente operacional mais desafiador, que resulta em maior risco para o lucro dos bancos. “Portanto, não vemos mais potencial para surpresas positivas em termos de provisionamento como falamos no último relatório; pelo contrário, vemos agora o provisionamento como uma área para potenciais surpresas negativas”, escreve a equipe, liderada pelo analista Marcelo Telles.
O banco suíço lembra também que, em um ano de forte ajuste fiscal, e com a limitada capacidade do governo de reduzir suas despesas, as medidas em potencial para buscar o superávit projetado “são um risco permanente que não devem ser ignorados”. Embora destaque que quase não alterou suas projeções em termos de lucros das instituições financeiras do país, a equipe do Credit Suisse nota que nesse momento é dificil encontrar potencial de valorização que justifique manter a recomendação ‘outperform’ para os papéis. “Desde nosso último relatório, a taxa de risco do Brasil aumentou cerca de 90 bases point, o que tornou as ações mais caras”. O prêmio de risco dos bancos brasileiros, ponderam os especialistas, está atualmente abaixo da média.
As ações dos três bancos operam com queda superior aos 3% nesta quinta-feira (9/4), enquanto o Ibovespa recua cerca de 0,4%. Nos três últimos meses, as ações do Itaú foram os ativos indicados com maior recorrência nas carteiras recomendadas de bancos e corretoras.