30-09-2015 – 18:06:44
Fábio Moser praticamente não tem parado em São Paulo, ultimamente. De saída da Fator Administração de Recursos (FAR), ele tem dedicado suas últimas semanas na gestora para visitar os clientes e explicar sua decisão de deixar a empresa depois de quatro anos de trabalho, dois como head da área de investment bank e dois à frente da área de gestão. Nessas visitas, em companhia de Marco Antonio Bologna que passa a acumular temporariamente o comando da FAR com a presidência do banco, o tema predominante das conversas tem sido a instabilidade do cenário político e econômico do País.
Segundo Moser, que já foi diretor de investimentos da Previ, as fundações estão fazendo o que se esperava que fizessem nesse cenário de juros elevadas. “Muitos fundos de pensão conseguiram comprar títulos com vencimento de 2050 a 7%, garantindo dessa forma um adicional sobre seu atuarial por 35 anos”, explica. “Não dá para concorrer com os títulos públicos nesse patamar, quer a fundação marque a mercado ou na curva”.
Nesse cenário, conclui, há pouco espaço para fundos com maior exposição a risco. A FAR chegou a preparar um FIP voltado para a área de resíduos, mas resolveu recolher por avaliar que não haveria compradores para ele. “Já tínhamos feito até um road-show com os investidores, ninguém disse não para a idéia mas a gente sentia que não haveria demanda efetiva”.
Com a esposa e dois filhos no Rio de Janeiro, Moser tinha tomado a decisão de deixar a FAR há alguns meses, mas se comprometeu a permanecer na casa até concluir o processo de transição para Bologna, que assume interinamente enquanto se encarrega de buscar um novo presidente para a gestora. “Foi uma decisão pessoal, ditada por motivos familiares”, diz Moser. “Vim para São Paulo para ficar um tempo mas já estava fora de casa há mais de quatro anos e achei que era hora de voltar”.
Com a saída de Moser a partir de 1º de outubro, o diretor da área de fundos de terceiros do banco, Antonio Conceição, assume o cargo de CIO e torna-se responsável pela asset perante a CVM. Dessa forma, a FAR passa a responder por toda a área de fundos, sejam próprios ou de terceiros, somando R$ 3,7 bilhões em recursos sob gestão. Daniel Utsch, que era head da área de análise da corretora assume como head de análise da FAR, focado principalmente nas empresas investidas pelo fundo Sinergia. Paulo Gala continua como estrategista, diretor de renda fixa e multimercados da FAR e Rafael Selegatto assume a gestão dos fundos imobiliários.